Operação no RJ mira supostos repasses indevidos a funcionários da Petrobras
São cumpridos três mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de Janeiro
Agentes da Polícia Federal, da Receita Federal e do Ministério Público Federal (MPF) cumprem nesta quarta-feira (7) três mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de Janeiro. A Operação Sem Limites III é a 76ª fase da Lava Jato, e apura o suposto envolvimento de funcionários e ex-funcionários da Petrobras em esquemas de corrupção na área comercial da estatal.
Os policiais investigam o que seria o pagamento de vantagens indevidas a funcionários da Petrobras entre 2009 e 2013, mas o MPF afirma que elas podem ter perdurado até 2018. Elas seriam uma “contrapartida ao favorecimento a empresas que atuavam no ramo de compra e venda de combustíveis marítimos (bunker e diesel marítimo), com as quais a estatal negociava para abastecimento de navios de sua frota no exterior”, segundo a PF.
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As apurações revelaram o uso de estruturas que possibilitavam o pagamento de recursos ilícitos a agentes públicos, mediante a intermediação de doleiros e operadores financeiros. “Os elementos de provas sugerem que os investigados promoviam um verdadeiro rodízio no fechamento de operações com as empresas do setor e que estas também pagavam vantagens indevidas”, informou o MPF.
Um dos ex-funcionários da Petrobras envolvido na operação de hoje foi responsável pelas negociações de combustíveis marítimos para os navios da estatal, próprios e afretados, que abasteciam no porto de Singapura. Ele chegou a ser suspenso do trabalho por 29 dias por cometer irregularidades como relacionamento impróprio com fornecedores e conflito de interesses.
Só em propina, o MPF estima que uma das empresas envolvidas desembolsou US$ 8,1 milhões (mais de R$ 45 milhões) por meio de doleiros. Além disso, há indícios de que um dos investigados recebeu indevidamente de um executivo de um das companhias envolvidas ao menos € 12.249,44 (quase R$ 80 mil) na forma de passagens aéreas e o pagamento de parcelas referentes a um contrato de filiação a uma espécie de “clube de férias”, que permitiu ao ex-funcionário se hospedar em hotéis de luxo pelo mundo.
As investigações contaram com o cruzamento e a análise de dados internos pela Receita Federal e o MPF, acordos de colaboração premiada e provas obtidas em operações anteriores – um deles, inclusive, já foi alvo da Operação Corrosão, 20ª fase da Lava Jato.
As operações Sem Limite (fase 57), deflagrada em dezembro de 2018, e Sem Limite II (fase 71), em junho deste ano, tinham como alvo a área de trading da Petrobras.
Os suspeitos podem responder pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, contra o sistema financeiro nacional, falsidade ideológica e documental, e organização criminosa.
(Com informações de Thayana Araújo e Paula Martini, da CNN, no Rio de Janeiro)