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    Operação da PF: relembre planos de ataque do PCC a autoridades

    Além de líderes do legislativo, facção já teve como alvo o ex-ministro Sergio Moro e um promotor que investiga o grupo em São Paulo

    Artefato que poderia ser usado por membros do PCC em ataque contra o ex-juiz Sergio Moro, segundo o MPSP
    Artefato que poderia ser usado por membros do PCC em ataque contra o ex-juiz Sergio Moro, segundo o MPSP Reprodução/MPSP

    Da CNN

    O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, relatou à CNN que a operação da Polícia Federal (PF) desta quinta-feira (14) é um desdobramento da Operação Sequaz, que aconteceu em março deste ano.

    Na época, o objetivo era desarticular organização criminosa que pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades, incluindo homicídios e extorsão mediante sequestro. Um dos alvos da facção foi o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o próprio promotor Lincoln Gakiya.

    A ação da PF desta quinta acontece após outros dois alvos do PCC terem sido descobertos: Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD- MG).

    “O meu relatório acabou vazado para imprensa, mostrando que houve um levantamento de endereço do presidente da Câmara e do presidente do Senado. Então, são integrantes da mesma célula, da célula ‘Restrita’, que a gente visa identificar e prender”, afirma o promotor, que investiga o PCC desde os anos 2000.

    Plano de ataque ao senador Sergio Moro

    Quando ministro da Justiça, Moro foi o responsável pela transferência de líderes da facção criminosa para penitenciárias federais. A investigação da PF aponta que o PCC tinha olheiros para monitorar a casa do ex-juiz, além de sua mulher, a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP), e filhos.

    Ainda conforme as autoridades, ao menos dez criminosos se revezavam no monitoramento, que aconteceria também em viagens fora do estado. Para isso, foram alugadas chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços do senador.

    De acordo com relatos feitos à CNN, forças de inteligência apuravam ameaças contra ele desde janeiro. Entretanto, aliados de Moro ressaltaram que desde quando foi eleito senador, no ano passado, ele recebia ameaças.

    Em fevereiro, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), autorizou, a pedido de Moro, o emprego de escolta da Polícia Legislativa em agendas e viagens.

    Na época, Lincoln Gakiya tomou ciência do plano e avisou à cúpula da Polícia Federal em Brasília, que designou um delegado para abrir uma investigação.

    Segundo a PF, a organização criminosa agia em São Paulo, no Paraná, em Rondônia, no Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. De acordo com as investigações, os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea nessas cinco regiões.

    Janeferson Aparecido Mariano Gomes, conhecido como Nefo, foi preso em março deste ano. Ele foi apontado como um dos responsáveis por um plano frustrado de atentado contra o senador Sérgio Moro.

    Monitoramento de Lira e Pacheco

    As residências oficiais dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foram monitoradas pela facção criminosa PCC durante pelo menos três meses. Fotos das duas casas foram encontradas em celulares apreendidos pela investigação.

    Segundo o relatório elaborado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), de Presidente Prudente, entre maio e julho desde ano, a célula “restrita” teria sido enviada ao Distrito Federal entre maio e julho de 2023, estabelecendo uma base de operações ao alugar um imóvel na região.

    Durante um período de pouco mais de dois meses, o grupo dedicou aproximadamente R$ 44 mil em despesas relacionadas à compra de dispositivos celulares, aluguel de imóvel, transporte, seguro, IPTU, alimentação, hospedagem, mobília do local e aquisição de equipamentos eletrônicos.

    Além disso, nos celulares apreendidos, foi identificada uma pesquisa sobre uma residência na “Península dos Ministros”, no Lago Sul, Brasília (DF), “indicando instruções da liderança para esse setor realizar levantamentos sobre as mencionadas autoridades da República”, conforme apontado no documento.

    A célula da organização criminosa teve treinamentos, que acontecem pelo menos desde 2014, com guerrilheiros do Exército do Povo Paraguaio (EPP), grupo responsável por sequestros e atentados contra autoridades no Paraguai.

    A CNN procurou Rodrigo Pacheco e Arthur Lira para comentar a situação, mas as assessorias de ambos disseram que eles não vão se manifestar.

    (com informações de Duda Cambraia, Elijonas Maia e Marcos Guedes)