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    O Grande Debate: Omitir dados de mortes por Covid-19 diminui impacto da doença?

    Thiago Anastácio e Gisele Soares também abordaram responsabilidade de Jair Bolsonaro nos desdobramentos da pandemia do novo coronavírus no Brasil

    O Grande Debate da manhã desta segunda-feira (8) abordou a mudança na divulgação dos números de infectados e mortos pela Covid-19. De acordo com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a alteração no método busca “dados consolidados”.

    No domingo (7), o Ministério da Saúde informou que os dados agora serão divulgados em uma nova plataforma e que o novo modelo “abordará o cenário atual da doença, com análise de casos e mortes por data de ocorrência, de forma regionalizada”.

    A decisão gerou reações e críticas da Defensoria Pública da União, que apontou tentativa de maquiar dados, e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que disse que a divulgação deve ser feita “com seriedade, respeitando os brasileiros e em horário adequado”. “Não se brinca com mortes e doentes”, acrescentou ele.

    Ainda em contrapartida, as secretarias estaduais de Saúde informaram que, a partir desta segunda, começarão a disponibilizar os dados no Painel Conass – Covid-19, atualizado, diariamente, até às 17h. Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento extrajudicial para apurar os motivos da mudança no protocolo de divulgação.

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    No quadro matinal da CNN, a mediadora, Carol Nogueira, questionou os advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares sobre se a mudança trata-se de uma tentativa de ser mais assertivo ou de reduzir o impacto dos números por serem altos?

    Anastácio disse acreditar que trata-se “das duas coisas”, pediu que os dados fiquem mais objetivos para a população e citou motivações políticas. “É muito importante que se fique claro qual é o número de mortes daquele dia, mas isso não impede que se diga também o número retroativo – quais são somados ao geral computado. Não haveria problema nenhum em acontecer algo assim, mas temos a razão política externada pelo presidente da República”, avaliou ele.

    O advogado ainda pediu que o horário de divulgação seja decidido e fixado com “base nos princípios da impessoalidade”. “Não para ofender ou atacar um ou outro grupo jornalístico”, criticou. “Não há nenhum problema na melhoria de uma sistematização. O problema é a ordem que foi dada, que era para atrapalhar o jornal”, completou.

    Gisele classificou que “os dados são muito importantes” e que “a população deve, do governo, exigir o dever de informação e transparência”, mas argumentou entender que as razões para o atraso têm relação com fuso-horário dos estados e a preocupação com dados inflados para conseguir mais recursos do governo federal.

    “Houve alguns problemas técnicos e temos um problema de fuso-horário no Brasil”, disse. “Uma preocupação do Ministério da Saúde e do governo federal é com a série de denúncias de desvios de verbas, então há uma preocupação se não haveria uma outra forma dos governos estaduais estarem reportando mortes atreladas a esses repasses. Não podemos deixar de analisar que há, muitas vezes, interesses escusos em que haja esse aumento de mortes para a aferição de maiores receitas”, considerou.

    Considerações finais

    O Grande Debate: os advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares
    O Grande Debate: os advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares
    Foto: CNN (08.jun.2020)

    Em suas considerações finais, Gisele abordou os protestos do domingo (7), que ela classificou como “festa da democracia”.

    “Manifestações pacíficas nas ruas são realmente uma festa da democracia, e é importante que os brasileiros continuem festejando a democracia de forma pacífica. Então, cabe a nós, os manifestantes, que cuidemmos para que elas aconteçam sempre que a população quiser dar voz a seus anseios e de forma pacífica e organizada”, disse ela.

    Anastácio também abordou as manifestações e fez críticas aos jovens que causaram depredações no ato em São Paulo, o que, para ele, “deu asa ao que há de pior”.

    “A esses jovens, eu preciso dizer uma coisa: vocês não têm razão. O tempo vai mostrar que vocês eram muito mais hormônios do que ideias. Vocês não têm razão nenhuma em atacar a propriedade privada. Meus caros jovens que gostam de vidraças e de atacar policiais, vocês não têm razão. São seus hormônios, não as suas razões, porque vocês parecem não concluir que a paz é muito mais violenta do que as pedras. Vocês entendam que estão errados”, concluiu.

    Ouça a íntegra do debate:

    (Edição: Sinara Peixoto)

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