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    O Grande Debate: Depoimento de Moro compromete Bolsonaro?

    Augusto de Arruda Botelho e Caio Coppolla discutiram também as multas e até mesmo a prisão para quem não utilizar máscaras em vias públicas em São Paulo

    Da CNN, em São Paulo

    O Grande Debate da noite desta terça-feira (5) abordou dois temas. Primeiro, Caio Coppolla e Augusto de Arruda Botelho discutiram o depoimento de Sergio Moro para a Polícia Federal sobre as denúncias de tentativa de interferência na PF por Bolsonaro e o pedido do presidente de mudar a superintendência do órgãos no Rio de Janeiro. Depois debateram o decreto feito pelo estado de São Paulo de que é obrigatório o uso de máscaras ao sair nas ruas, com multas que vão de R$ 276 até R$ 276 mil reais para quem descumprir a regra, além de prisão de até um ano.

    Sobre o primeiro tema, Augusto destaca que o depoimento de Moro apresenta fatos importantes e “possivelmente criminosos”, e discorda das leituras da oposição de que a fala do ministro não teve uma “bala de prata” contra Bolsonaro. “Depoimento traz sim fatos preocupantes e possivelmente criminosos. Um ponto que me chamou a atenção é que Moro disse que viu desvio de finalidade na saída de Maurício Valeixo. Não concordo com essa análise de que o depoimento não teve uma bala de prata, pois essa fala leva em conta a espetacularização da Justiça. No fim, o depoimento trouxe fatos que em tese configuram crime, porém a presunção de inocência neste momento está ao lado do presidente da república”.

    “Nas declarações, Moro foi fiel à sua biografia, foi cuidadoso com as palavras e técnico”, disse Caio no início de sua argumentação. Ele defendeu que o depoimento pouco adicionou ao inquérito, e que há a possibilidade dos dois estarem certos e que ninguém cometeu crimes. “Moro não fez juízo sobre as intenções do presidente e disse que Bolsonaro não tentou cometer crime, tirando a possibilidade de denunciação caluniosa e o peso de ter iniciado investigação contra Bolsonaro. Questão central é avaliar até que ponto as ações do presidente representam interferência. É possível que ninguém tenha cometido crime, já que na prática há pouca contradição entre as falas do ex-ministro e do presidente”.

    “Tenho certeza que Moro prestou depoimento na linha que prestou não para ser fiel à sua biografia, mas por saber que ele também é investigado”, disse Augusto, que discordou da fala de Caio sobre uma possível falta de provas no depoimento do ex-ministro. “Perguntado sobre sua definição sobre interferência política, Moro respondeu que é quando acontecem mudanças arbitrárias. Em diversos momentos do depoimento de Moro, ele afirma que as tentativas de mudança não tinham finalidade, colocando a situação dentro de sua definição de interferência. Depoimento foi político, cauteloso e estrategista ao máximo”.

    Caio defende a reputação de Moro, e diz que no momento o que há são apenas acusações cujas investigações estão em curso. Sobre a intenção de Bolsonaro de interferir na superintendência da PF no Rio de Janeiro, Caio relembra que o tema de nomeações é motivo de atrito entre Moro e Bolsonaro desde a nomeação do ex-ministro. “Presidente sabe do compromisso que assumiu ao dar carta branca ao ministro, sabe que o tema de nomeações era sensível, e esse atrito permeou a relação entre os dois. O que vimos nos últimos dias foi alguém querendo abrir exceção à regra”.

    Augusto relembrou que a presunção de inocência neste caso atua para ambos os lados, e que no momento é preciso esperar por novos fatos para tomar conclusões. “Fatos são graves de ambos os lados, e há possibilidade que Moro tenha de alguma forma exagerado em seu relato, por isso minha ressalva de que não podemos levar ao cabo o depoimento de uma pessoa”.

    Multa para os sem máscaras

    O segundo assunto do Grande Debate foi o decreto do governo do estado de São Paulo que obriga o uso de máscaras em locais públicos, definindo multas e até mesmo prisão para quem descumprir a medida que, na visão de Caio, é inconstitucional.

    “O decreto é inconstitucional, uma vez que a constituição prevê que a saúde é direito de todos e dever do estado. Logo o governo deveria se mobilizar para prover equipamentos de proteção individual para a população, e não estabelecer um decreto draconiano que prevê multa e prisão para quem desobedecer o decreto”, diz Caio. Ele ainda questionou um artigo do texto que diz que após a quarentena, será obrigatório o uso de máscaras em locais de atividades essenciais. “Ou seja, a partir do dia 7 de maio terei que fazer o programa de máscara uma vez que jornalismo é atividade essencial”.

    Já Augusto relembrou a importância do uso de máscaras, porém criticou a redação do decreto e alguns pontos colocados no texto. “Decreto de São Paulo deveria ser uma decisão de todo o país. Governo Federal demorou a propor a medida, aliás, demorou para propor qualquer medida. Mas tenho que concordar que a redação do decreto é ruim, uma vez que não fica clara a gradação da multa além de abordar questões do direito penal, que são exclusivas da polícia, do Ministério Público e da Justiça. Prender me parece uma postura autoritária, apesar da intenção ser pedagógica”.

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