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    O Grande Debate: é hora de abrir o comércio e os serviços em São Paulo?

    Augusto de Arruda Botelho e Caio Coppolla discutem também a participação de Bolsonaro em atos que defendiam o fechamento do Congresso e STF

    Da CNN, em São Paulo

    O Grande Debate da noite desta segunda-feira (20) abordou dois temas. Primeiro, Caio Coppolla e Augusto de Arruda Botelho discutiram se já é hora de o estado de São Paulo começar a reabrir o comércio e os serviços. Depois, debateram a presença do presidente Jair Bolsonaro em manifestações a favor de uma intervenção militar e que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo.

    Augusto elogiou o plano do governo paulista, que, mesmo sem ter sido divulgado no íntegra, “se assemelha aos definidos por Estados Unidos e União Europeia”, e disse que vai na direção oposta às ações do governo federal. “O presidente diz coisas sem embasamento. Ele disse que espera que essa seja a última semana da quarentena. Baseado em quê? Quais medidas excessivas de estados que criticou em sua fala nesta segunda-feira? Como ele pode afirmar que 70% da população –quase 150 milhões de pessoas– irão se infectar?”, disse.

    Caio afirmou que a medida de Doria corrobora sua tese de que as decisões nesta crise são de cunho político, especialmente após o governador anunciar a ampliação da quarentena até o dia 10 de maio. “Doria é o líder político do isolamento horizontal, que teve apoio no Congresso. Enquanto a Presidência ventilava mensagens otimistas, São Paulo veiculava mensagens pessimistas sobre a crise. Porém ele perdeu apoio popular, e faço uma previsão aqui que, em breve, ele irá flexibilizar o isolamento”, disse.

    Augusto disse que o governador paulista se baseou em dados para chegar à decisão de reabrir a economia aos poucos. “Doria se manifestou hoje dizendo que o relatório está sendo feito por profissionais de diversas áreas. Ele anunciou na última sexta-feira que estava analisando uma projeção, e disse ter dados novos nesta segunda-feira que irão embasar protocolo de reabertura, prova de que ele analisa diariamente os dados. Pontos divulgados hoje são similares aos adotados por EUA e União Europeia, não vejo por que criticar medidas que você vem pedindo até pouco tempo. Enquanto estados planejam saídas para o isolamento, o governo federal ainda está analisando os números”, disse.

    Caio citou os números do isolamento em São Paulo e disse que a prova que a decisão é política é que, mesmo anunciando a reabertura, não foi alterada a data do fim da quarentena. “Números sobre isolamento mostram que pessoas não seguem o isolamento, mostrando discrepância do que fala a pesquisa Datafolha, muito usada para defender o isolamento. O fato de o governador não ter modificado a data da quarentena –que anunciou na última sexta– mostra que não está olhando dados”, disse.

    Augusto afirmou que Doria não mudou planejamento, e que irá manter a quarentena no prazo estipulado. “A medida mostra planejamento antecipado, em que ele irá manter o isolamento, mas já pensando na reabertura. Porém, ele mesmo disse em entrevista que, se algo de diferente aparecer nos próximos dias, irá mudar o planejamento, indicando postura cautelosa”, completou.

    A participação de Bolsonaro em atos

    O segundo tema do debate foram as manifestações que ocorreram pelo Brasil no último fim de semana. Entre as reivindicações estavam o fechamento do Congresso e do STF, além de grupos defendendo intervenção militar e um novo AI-5.

    Para Caio, a repercussão foi por conta da má vontade para com Bolsonaro e seus apoiadores, e que os atos ocorreram principalmente pelo dia do Exército, comemorado no domingo (19). “Podia ser só manifestação a favor dos militares. Havia, sim, faixas pedindo intervenção militar, mas isso é constante em atos a favor do presidente, não podemos afirmar que esse era o objetivo da manifestação. Sobre as falas dele, não consigo entender a polêmica. Ele apenas usa forma coloquial para dizer que as coisas mudaram ao dizer que não negocia mais com a velha política”, disse.

    Augusto afirmou que as manifestações, além de terem desrespeitado todos os protocolos de segurança indicados pela OMS, em São Paulo especificamente fecharam vias próximas de hospitais, provocando buzinaços que afetam pacientes e médicos. Segundo ele, as frases polêmicas mostram um isolamento cada vez maior do presidente. “Diante da exposição negativa que recebeu, com críticas de todos os lados, incluindo de grupos que apoiavam ele, como o Vem Pra Rua e MBL, ele pareceu recuar, mas não é verdade, já que ontem mesmo postou vídeo nas redes sociais de um suposto golpe que estão armando contra ele. Essas frases radicais do presidente indicam seu isolamento completo, que faz com que ele recorra à sua militância mais fiel. O presidente parece estar em eterna campanha”, afirmou.

    Argumentos finais

    Caio vê as manifestações de formas distintas, e disse que o autoritarismo está presente em outros entes da federação. “São outras entes federativos que são autoritários, como governadores prendendo cidadãos que vão as ruas, ou o STF que coloca decretos estaduais acimas de da legislação federal, mesmo violando direitos fundamentais”.
     

    Caio abriu mão de seu argumento final para voltar a questão das manifestações, dizendo que apesar de ser contra à intervenção militar, “há de considerar que as pessoas estão de maneira legítima invocando o artigo 142 da constituição. E que há ainda a lei complementar 97/99, que defende o emprego das Forças Armadas para garantir a lei e a ordem”.

    Em sua fala final, Augusto escolheu as boas notícias, dizendo que “alguns estados estão conseguindo conter o avanço exponencial da pandemia”. “São Paulo é um caso desse, apesar do enorme número de pessoas infectadas. Não conseguimos perceber o benefício do isolamento porque a coisa não está ficando tão grave justamente por conta destas medidas. O recado que deixo é: fique em casa, paciência que isso vai passar”, disse.

     

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