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    O Grande Debate: demissão do comando da PF pode tirar Moro do governo?

    Augusto de Arruda Botelho e Caio Coppolla discutem também medidas de prefeituras e governos para reabertura econômica

    Da CNN, em São Paulo

    O Grande Debate da noite desta quinta-feira (23) abordou dois temas. Primeiro, Caio Coppolla e Augusto de Arruda Botelho discutiram sobre a possível saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça após o presidente Jair Bolsonaro informar a troca do diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Depois debateram os protocolos de reabertura da economia no pós-pandemia.

    Caio iniciou sua argumentação lembrando de promessa de Jair Bolsonaro logo após nomear Moro como Ministro da Justiça. “Durante coletiva, Bolsonaro prometeu carta branca contra o crime organizado e autonomia para a nomeação de cargos no Ministério da Justiça. Além disso, tem o aspecto político, já que Moro é símbolo da justiça e ativo moral do governo. O mínimo que se espera do presidente é que seja um homem de palavra”, disse Caio.

    Augusto citou a excelência da Polícia Federal como instituição, assunto que é alvo de estudo em seu trabalho como advogado criminalista, e se mostrou preocupado com a noção de que é possível “controlar” a PF e sua atuação. “O mais grave dos episódios de hoje é que o tema principal e o motivo da possível saída de Valeixo se dão em razão do controle do cargo de diretor geral da PF. Me preocupa profundamente que tem alguém que acha que pode controlar a PF. A quem interessa tentar controlá-la?”, disse.

    Caio afirmou que “o timing entre as conversas com o Centrão e anúncio da saída do diretor geral da PF são impressionantes”. “Tudo isso soa como uma grande barganha, Se a ideia é combater a velha política, não se deve fazer isso se associando a eles. Isso é maquiavelismo. Os fins não justificam os meios.”

    Augusto disse que sob nenhuma ótica faz sentido politicamente a decisão de Bolsonaro. “Se ele fez hoje o que as notícias disseram, é quase um suicídio político. Se foi ato intempestivo, fica difícil entender o futuro politico que o presidente quer ter. Ele está isolado e tomando medidas de cunho autoritário quando estava começando a criar uma base eleitoral, loteando cargos em troca de apoio político”, afirmou.

    Reabertura econômica

    O segundo tema do debate foram os planos de reabertura econômica, levando em conta que o Brasil bateu recorde de mortes pela COVID-19 em um dia.

    Augusto respondeu que o planejamento deve levar em conta “ciência e dados”, que, segundo ele, são imprescindíveis para “desenhar cenários e perspectivas”. Porém, demonstrou preocupação com o anúncio antecipado do plano de reabertura do governo do estado de São Paulo. “Pode ter sido um erro do governo do estado ter dado uma satisfação à população, que está sim ansiosa para saber quando irá retomar as atividades normais. As pessoas agora estão se sentindo mais confortáveis”, disse.

    Caio citou o nível de atividade econômica de 76% anunciado pelo governo de São Paulo nesta quarta-feira (22) como uma prova de que os protocolos de segurança estão sendo efetivos, e que a retomada já é factível. “Na prática já existem protocolos de distanciamento que parecem ser efetivos a julgar pela disponibilidade de leitos e pelo nível de atividade econômica no estado. Também importante lembrar que o recorde de mortes está relacionado com o acerto da fila de exames, que foi zerada. Vamos torcer para que este seja o caso”, disse.

    Augusto voltou suas atenções ao novo ministro da Saúde, Nelson Teich, que considerou como “corajoso” por ter assumido a pasta em momento tão delicado. Porém, ressalva que o ministério precisa melhorar sua comunicação. “Minha preocupação é porque nós termos um presidente que se manifesta sobre o assunto de maneira não ideal, então é importante ter uma figura que traga conforto para a população neste momento”, disse.

    Caio concordou com Augusto sobre a coragem do novo ministro, e disse que seu perfil é ideal para o momento. “Prefiro um ministro austero a um eloquente. Agora é hora de trabalhar, então prefiro que o ministro gaste tempo se debruçando em dados ao invés de ficar horas falando de relatórios midiáticos”, afirmou.

    Argumentos finais

    Augusto voltou ao tema da PF e as tentativas de controlá-la. “Importante que a sociedade fique atenta a qualquer movimentação de caráter autoritário, principalmente em relação à PF, uma instituição que tem a competência de investigar de crimes graves, de excelência, e que trabalha muito bem. Me preocupa a noção equivocada de pessoas que acham que podem controlar ela”, disse.

    Caio também voltou ao tema inicial, reiterando seu pedido ao presidente Jair Bolsonaro de que cumpra com a promessa que fez a Moro quando este chegou ao cargo de ministro da Justiça. “Peço que o presidente cumpra sua palavra e dê autonomia para o ministro Sergio Moro, que é um ativo moral do governo. É um erro achar que a opinião pública não vai ficar contrariada com o afastamento dele. Se Moro tivesse apoio necessário, o combate ao crime no Brasil estaria em outro patamar”, afirmou.

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