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    O Grande Debate: autoridades manipulam os dados da pandemia?

    Augusto de Arruda Botelho e Caio Coppolla comentam também os números de criação de emprego nos EUA e como o Brasil pode copiar a retomada dos americanos

    Da CNN, em São Paulo

    No Grande Debate da noite desta segunda-feira (8), Caio Coppolla e Augusto de Arruda Botelho debateram as mudanças na divulgação dos dados de casos e mortes por Covid-19 pelo Ministério da Saúde. Primeiro, o ministério decidiu excluir o total de mortes e de casos confirmados, informando apenas os dados das últimas 24 horas. Depois, no último domingo (7), apresentou dados diferentes sobre o número de mortes. O primeiro tema do debate foi: o governo pode estar manipulando os dados da pandemia?

    Caio iniciou sua argumentação discordando da pergunta, dizendo que manipular é diferente de omitir. Sobre o método de divulgação, Caio afirma que “não faltam dados”, e que a mudança de horário da divulgação dos números é válida de acordo com a justificativa do Ministério da Saúde – segundo o órgão, a divulgação tardia é para melhor consolidar números vindo de estados. Contudo, ele afirma que a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o assunto é que tornou as coisas problemáticas, ao insinuar que acabou matérias na imprensa. “Mesmo com essa provocação, a polêmica é desproporcional à realidade dos fatos já que todas as informações continuam públicas.”

    “Dados públicos são importantes para a criação de política públicas. Em uma pandemia esses números são obrigatórios e fundamentais para se construir formas de melhor controlar os impactos negativos da Covid-19,” disse Augusto em sua argumentação inicial. Ele ainda criticou a omissão de dados pelo governo federal e disse que ao fazer isso, Bolsonaro fere diversas leis, incluindo uma aprovada em seu mandato. “Ao omitir dados, o governo fere a constituição, a lei de acesso à informação, a de improbidade administrativa e até mesmo a lei da pandemia aprovada por Bolsonaro em fevereiro. Por mais que dificultem o acesso aos dados, o fato é que cemitérios não mentem.”

    Caio voltou a criticar o uso de termos que julga incorreto para tratar das mudanças no método de divulgação dos números atualizados da Covid-19 no Brasil, e disse perceber uma “má vontade da mídia para divulgar a situação como ela é,” e que há outros indicadores a serem considerados para analisar a pandemia no Brasil. “Há um elemento importante para observar: o mercado. Tivemos uma queda do valor do dólar sem precedentes nos últimos dias, e aumento na bolsa de valores. O mercado não tem ideologia e pode indicar uma retomada.”

    Augusto então se voltou ao governo e às críticas por parte de Caio de que ele não dá o benefício da dúvida para a administração federal, e argumentou que as pequenas falas e gestos de pessoas ligadas ao Planalto suscitam questões. “[Hamilton] Mourão diz que o governo não quer esconder os dados, e que basta somar para obter os números consolidados. Carlos [Wizard] Martins, que mal chegou e já saiu, deu a declaração de que os números da pandemia podem estar inflados, gerando dúvida no público. Eles podem não estar omitindo, mas a forma como você comunica faz diferença.”

    Retomada econômica ‘Made in USA’

    O segundo tema do debate foi sobre a retomada econômica brasileira diante dos números dos Estados Unidos, que na última semana anunciou ter criado 2,5 milhões de empregos na pandemia. A segunda pergunta do debate foi: o que o Brasil deve fazer para seguir o exemplo dos Estados Unidos.

    Augusto ao iniciar a argumentação, relembrou que os EUA são o país com mais casos e mortes de coronavírus no planeta. Depois se debruçou sobre o Brasil e sobre como poderemos realizar a retomada econômica. “Nossa situação atual é refratária a investidores externos e a novos empreendedores brasileiros. Não temos segurança jurídica nem política, nem estabilidade política. Um investidor externo quer um mercado favorável, algo que não temos no Brasil, especialmente em um governo que, para tentar aprovar reformas necessárias para o país, ao invés de dialogar, cria confronto. Vejo que nesse momento nosso Governo Federal não iria copiar nada dos EUA, nem ao menos uma cópia pirata.”

    “Ronald Reagan [ex-presidente dos EUA] fala que o melhor programa social é o emprego. Para seguirmos a trilha dos americanos, o foco tem que ser esse,” disse Caio, que relembrou a necessidade de retomarmos a demanda para a volta do crescimento econômico no país. “Não adianta a indústria funcionar com o comércio fechado. Essa questão de como gerar empregos não tem segredo: é preciso flexibilizar o isolamento horizontal em locais onde isso é possível, com capacidade médica suficiente.”

    (Edição: André Rigue)