O Grande Debate: A manifestação da PGR contra apreensão do celular de Bolsonaro
Questionados pelo mediador da edição matinal, Reinaldo Gottino, os advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares abordaram também suposta perseguição a Bolsonaro
Grande Debate desta quinta-feira (28) abordou a posição do procurador-geral da República, Augusto Aras, sobre o pedido de manifestação a respeito de possível apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Segundo o âncora Daniel Adjuto e a analista de política Basília Rodrigues, da CNN, Aras se posicionou contra a ação porque a PGR acredita não caber a terceiros (partidos políticos) fazer esse pedido. “Não significa a conclusão de ser contra ou a favor (a apreensão do celular)”, esclareceu o procurador-geral.
A manifestação foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) no pedido feito pelo PDT, PSB e PV. As siglas também pedem a apreensão dos aparelhos celulares do vereador Carlos Bolsonaro, do ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, do ex-ministro Sergio Moro e da deputada Carla Zambelli.
Questionados pelo mediador da edição matinal, Reinaldo Gottino, os advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares falaram sobre o significado da manifestação. Os dois concordaram que não há razões para a apreensão, mas divergiram sobre a possibilidade de embasamento para a decisão no futuro.
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Thiago Anastácio afirmou que Bolsonaro tem que mostrar o celular em caso de ordem judicial e que a Operação Placebo, que atingiu o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), “mostrou que nenhum chefe de Executivo é intocável. Mas, de fato, creio que não existe razão plausível para apreender o celular do presidente nesse momento. Pode existir um dia? Sim”, defendeu.
Gisele Soares divergiu. “Concordo com nada [da decisão]. Tudo um grande equívoco e cheio de ilegalidades”, classificou ela, que ainda defendeu que a ação é exemplo de perseguição a Bolsonaro por parte de oposição. “Partido político não tem legitimidade para pedir o celular do presidente da República. É preciso que haja fortes indícios [para a apreensão] e uma coleta de princípios de provas em si. O que nós temos que tomar cuidado é que está havendo uma completa inversão de valores. Não é investigação, mas perseguição”, considerou.
Perguntado por Gottino se concorda com a hipótese de perseguição, Thiago Anastácio afirmou que vê como parte do jogo político, mas com alguns excessos. “O presidente da República está dentro do jogo político. Os partidos fizeram esse pedido, então é um ato fundamentalmente político. Há esse excesso dos partidos acionando o Judiciário enquanto nós temos a PF e a PGR já atuando nesse caso, onde a perseguição é legal”, explicou.
“Mas os partidos também têm o direito de petição e noticiar um fato que entenda ser delitivo, e cabe ao Judiciário, sob a vigilância da PGR, analisar isso, mas estamos judicializando demais. Sou contrário a esse excesso”, encerrou.
Gisele Soares concordou e acrescentou: “Cuidado com investigações que são perseguições travestidas dessa forma”.
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