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    O Grande Debate: a lua de mel de Bolsonaro com governadores vai durar?

    Os historiadores Marco Antonio Villa e Ricardo da Costa debateram o encontro entre Bolsonaro e governadores que gerou uma trégua nas disputas políticas

    Da CNN, em São Paulo

    No Grande Debate da noite desta quinta-feira (21), os historiadores Marco Antonio Villa e Ricardo da Costa abordaram a reunião do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com os governadores e os chefes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) sobre o pacote de ajuda financeira a estados e municípios no valor de R$ 60 bilhões.

    Villa questionou a “nova” posição de Bolsonaro e lembrou que, horas antes da reunião, o presidente voltou a criticar os governadores durante conversa com seus apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. Segundo ele, as falas conciliadoras “não fazem parte do histórico político de Bolsonaro.”

    Villa também criticou a condução do governo durante a pandemia. “O Brasil está correndo para se tornar o epicentro da pandemia, o que pode levar até ao caos social. Somos o único país do mundo ocidental que perdeu ministros da Saúde durante a pandemia por eles discordarem das opiniões do presidente, que não sabe nada sobre saúde.”

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    Já para Costa, a “posição do governo vem sendo dificultada pela postura de enfrentamento ante os principais meios de comunicação”. Segundo ele, apesar do comportamento “sanguíneo” do presidente, “temos que comemorar um intervalo entre as disputas políticas, a República agradece. É preciso comemorar o diálogo.”

    Villa voltou suas atenções para a atuação do Ministério da Economia, que em sua opinião “não está conseguindo trazer soluções” para a população e nem para pequenas e médias empresas, que estão tendo dificuldades para obter crédito. Na saúde, Villa classificou como “criminosa” a conduta do governo federal.

    “A atuação no campo sanitário é criminosa. Quando o presidente apoia a quebra do isolamento, ele estimula atitudes genocidas. A tragédia só não é maior pela atuação de governadores e prefeitos.”

    “Não considero que ele tem atitude genocida, é uma afirmação muito pesada”, disse Ricardo, que também questionou a fala de Villa sobre governadores e prefeitos, lembrando da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que as ações de isolamento em relação à Covid-19 são de responsabilidade dos gestores locais.

    Costa disse não acreditar no poder de influência do presidente nas atitudes da população.

    “O povo brasileiro já amadureceu ao ponto de não seguir comportamentos de políticos. Também não que um aceno à distância, que isso seja um comportamento que induz as pessoas à morte.”

    “Ele não acena de longe, ele tira selfie, carrega crianças”, rebateu Villa, dizendo que Bolsonaro sempre se colocou contra o isolamento e que a história do presidente é marcada por opiniões antidemocráticas a extremas.

    “Ao longo da história, a atuação de Bolsonaro sempre foi contraditória, apoiando guerra civil, defendendo o fuzilamento de Fernando Henrique Cardoso quando presidente. Em seu voto no impeachment, homenageou um torturador [coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra], um assassino condenado pela justiça.”

    Sobre as questões relacionadas ao Ministério da Saúde, Ricardo disse que em sua opinião as mudanças não deveriam ter ocorrido, mas que segundo fontes suas na pasta, as demissões não afetaram o funcionamento do órgão.

    “A mudança de ministros não alterou o cotidiano da pasta. Importante lembrar que temos condições sanitárias terríveis no Brasil, então é possível que tenhamos quadro ruim de óbitos pela doença. O ministério continua trabalhando firme e forte.”

    Villa discorda, e entende que a nomeação de um militar é novo sinal de enfraquecimento na qualidade do trabalho do ministério.

    “Não tenho nada contra a instituição Exército. A questão que se coloca é que a saúde não é local para eles. Nós não temos especialistas no ministério, mesmo tendo grandes sanitaristas no Brasil.”

     

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