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    Número de crianças brasileiras que não sabem ler e escrever cresce 66% na pandemia

    Dados consideram a faixa etária entre 6 e 7 anos e foram divulgados nesta terça-feira (8) pela ONG Todos Pela Educação; país tem, no total, 2,4 milhões nessa situação

    Daniel CorráJuliana Alvesda CNN , em São Paulo

    O número de crianças de seis e sete anos no Brasil que não sabem ler e escrever cresceu 66,3% de 2019 para 2021 – explicitando um dos efeitos da pandemia de Covid-19 no ensino brasileiro.

    A análise foi divulgada, nesta terça-feira (8), pela organização Todos Pela Educação, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

    Ao todo, 2,4 milhões de crianças brasileiras não estão alfabetizadas nesta faixa etária. O número corresponde a quase metade (40,8%) do grupo inteiro.

    “Os efeitos são graves e profundos, então não serão superados com ações pontuais. As Secretarias de Educação precisam oferecer um apoio muito bem estruturado à gestão escolar e aos professores, que já estão com imensos desafios”, destacou o líder de políticas educacionais da Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa, em comunicado divulgado à imprensa.

    A nota técnica “Impactos da pandemia na alfabetização de crianças”, divulgada pela organização, declara que “a situação é preocupante em diversas dimensões”.

    O documento ainda aponta que o aumento expressivo no número de crianças não-alfabetizadas no país tem impacto mais grave entre alunos negros e pobres.

    “As informações reportadas pelos respondentes da pesquisa do IBGE […] corroboram o que têm mostrado as avaliações de aprendizagem que Estados e Municípios vêm aplicando em seus estudantes”, afirma um trecho da nota técnica.

    As desigualdades sociais e étnicas do país se refletem nos dados.

    Ao todo, 47,4% das crianças pretas não estão plenamente alfabetizadas; entre as pardas o índice é 44,5%.

    Já entre crianças brancas, o número atual é de 35,1%.

    Quando avaliados os domicílios ricos do país, o índice é de 16,6%. Já entre os pobres, o número salta para 51%.

    Fonte: IBGE/Pnad Contínua. Elaboração: Todos Pela Educação.

    A nota técnica conclui que ações presentes e futuras do Poder Público, em todas as esferas, são fundamentais para mitigar os efeitos negativos vistos.

    “Não adianta deixarmos toda a responsabilidade disso com os Municípios, só porque ofertam a grande maioria das matrículas dos primeiros anos do Ensino Fundamental. Os governos estaduais e o governo federal não podem se omitir”, afirmou Gabriel Corrêa.

    “Devem ter papel central, oferecendo apoio técnico e financeiro às Prefeituras, fortalecendo o regime de colaboração. A tragédia na alfabetização não pode ficar invisível. É fundamental que esse tema ganhe a devida prioridade na agenda dos nossos governantes”, completou o membro da organização.

    A Todos Pela Educação ainda lembra que a não-alfabetização das crianças em idade adequada traz prejuízos para aprendizagens futuras e aumenta os riscos de reprovação, abandono e/ou evasão escolar.

    Por isso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece a alfabetização como foco principal da ação pedagógica nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental.

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