Número de calouros despenca nas faculdades privadas em 2021, aponta pesquisa
Segundo entidade que representa o setor, queda foi maior no ensino presencial; em 2020, evasão de alunos disparou
O número de novos estudantes em faculdades privadas no Brasil caiu em 2021. Os dados são uma projeção, em comparação com o ano passado, e foram divulgados nesta terça-feira (8) pelo Semesp (entidade que representa as mantenedoras de ensino superior).
Segundo a entidade, a queda entre os ingressantes é mais acentuada nos cursos presenciais, com retração de 19,8% neste ano. Já para os cursos de Ensino à Distância (EAD), houve estabilidade, com pequena redução de 0,3% dos ingressantes.
Ao todo, universidades privadas contam com 3,6 milhões de matrículas em cursos — queda de 8,9% comparado com o ano passado. Já os cursos EAD alcançaram 2,7 milhões de matrículas, mantendo a expansão de anos anteriores e com alta de 9,8% ante 2020.
A projeção de captação de alunos mostra o retrato de um período com maiores efeitos da pandemia no país. Desde março do ano passado, universidades tiveram que adaptar aulas e priorizar o ensino remoto, como medida de enfrentamento à crise sanitária.
Para Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, há ainda dificuldade na captação de alunos de maneira geral no Ensino Superior. “Mais de 90% dos jovens vivem em situação de vulnerabilidade financeira. Não conseguem ingressar na faculdade pública, porque as vagas são poucas e também não conseguem ingressar na universidade privada, porque não têm condições financeiras para isso”, afirma.
Capelato também avalia que, no futuro, o ensino híbrido deve ser tendência, num modelo que mistura características de aulas presenciais e remotas. “Cursos presenciais vão ter que se reinventar e se transformar digitalmente”, avalia o diretor-executivo da entidade.
Evasão nas faculdades
A pesquisa do Semesp ainda mostra que a evasão nas faculdades privadas disparou em 2020, chegando a maior proporção dos últimos anos. Nos cursos presenciais, 35,9% dos estudantes abandonaram a faculdade ao longo do ano. Nos cursos de EAD, a taxa de evasão chegou a 40%.
“Mesmo no EAD, onde o aluno já era mais adaptado, também houve esse aumento porque o aluno sofreu com a pandemia. Ele teve impacto econômico e emocional também. Mas, sem dúvida, os mais prejudicados foram os alunos do ensino presencial”, afirma Capelato.