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    Negros somam 80% das mortes violentas de jovens no país, aponta estudo

    As maiores vítimas são adolescentes entre 15 e 19 anos, de acordo com um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Unicef

    Cleber RodriguesIsabela Filardida CNN , Em São Paulo

    Um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz aponta que, entre 2012 e 2019, a taxa de mortalidade por homicídio de jovens negros foi 6,5 vezes maior que a taxa nacional. Além disso, um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) aponta que, das quase 35 mil mortes de jovens entre 2016 e 2020 no Brasil, 80% eram de negros.

    Apesar do racismo não ser um tema novo, ele ganha outra dimensão quando se tem relatos de situações rotineiras, como andar na rua, que passam despercebidas para quem não tem a cor da pele como um alvo.

    “Eu estava com o uniforme da escola e tudo, e tinha uma senhora na minha frente. Conforme eu ia andando, ela acelerava o passo. Aí eu corria para ficar na frente dela, para ela não ficar com medo e ver que eu não estava fazendo nada”, contou o estudante Pedro Henrique Cortez Mota.

    A mãe de Pedro, Egnalda Cortês, diz que há preocupação até na hora de escolher onde passar o Carnaval:

    “Eles alugaram um casarão para fazer o carnaval deles, porque não se sentem seguros de fazer nas regiões nobres. Há o risco de sumir algo de alguém e indicarem eles”, disse à CNN.

    Violência policial

    Segundo levantamento da Rede Observatórios de Segurança, a cada quatro horas um negro é morto pela polícia no Brasil. Das mais de 2.600 mortes em ações policiais em 2020, 82,7% das pessoas eram negras.

    O Rio de Janeiro lidera as estatísticas: só na capital fluminense, 90% dos mortos eram negros.

    No mês passado, o produtor cultural Júlio de Sá denunciou uma ação da PM, no Rio, após ser abordado na porta de uma loja de roupas. Ele procurou a polícia e o caso está sendo investigado como racismo.

    Fico imaginando o que poderia ter acontecido se fosse 11 horas da noite no centro do Rio, o que o policial poderia ter feito. Tenho medo dessa forma abusiva que transita entre a vida e a morte

    Júlio de Sá, produtor cultural

    A psicóloga Deborah Medeiros explica que pessoas negras, que estão mais vulneráveis, muitas vezes não veem a polícia como órgão de proteção. “Ela precisa ter códigos para provar rapidamente que ela não é uma ameaça, para garantir sua própria vida”, disse.

    Informação como empoderamento

    O professor de história Jonathan Raymundo decidiu escrever um novo capítulo no combate às desigualdades e fundou o Papo com Griot, projeto que reúne centenas de jovens negros do Rio de Janeiro e oferece a informação como ferramenta de empoderamento para uma sociedade mais justa.

    “Quanto mais eu conheço a história fora desse domínio colonial, mais eu vou descobrindo que eu sou lindo, que sou herdeiro, que meus ancestrais são os criadores da matemática… E aí, quando você vai descobrindo isso, você vai percebendo: então eu não sou só um criminoso, eu não sou só escravo, só aquilo que é vazio. Isso é poderosíssimo”, afirmou Jonahtan.

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