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    “Não há diferença entre tráfico e milícia”, diz secretário de Polícia Civil do Rio

    Marcus Amim faz referência ao pedido de prisão de Jean do 18, apontado como responsável pela extorsão para liberação de obras da Prefeitura, na zona norte da capital

    Isabelle Salemeda CNN

    Nas redes sociais, o secretário de Polícia Civil do Rio, Marcus Amim, comparou a semelhança entre a atuação do tráfico e da milícia, em referência ao caso do criminoso que exigiu R$ 500 mil para permitir a realização de obras de construção do Parque Piedade, na zona norte do Rio de Janeiro.

    “Algumas pessoas, ignorando a realidade carioca/fluminense, acharam que se tratava de uma extorsão de grupos paramilitares. Esse caso é mais uma prova que hoje, no Rio de Janeiro, não há mais diferença entre tráfico e milícia”, escreveu o secretário.

    A cobrança, feita diretamente à empreiteira responsável pelo canteiro de obras, foi denunciada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), na última terça-feira (9), também pelas redes sociais.

    Nesta quinta (11), a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), informou que identificou e pediu a prisão do responsável pela extorsão. Ele é Jean Carlos Nascimento dos Santos, conhecido como Jean do 18, em referência à comunidade em que atua, o Morro do Dezoito, também na zona norte da capital fluminense. Jean, que é líder do tráfico na região, já era procurado por trafico de drogas, assalto a mão armada e homicídio qualificado.

    Também na quinta, a Polícia Militar fez uma operação para combater as extorsões de criminosos à empreiteiras na região do entorno do Parque Piedade.

    O tráfico e a milícia

    O tráfico de drogas começou a tomar forma no Rio no fim da década de 1970 e se expandiu nos anos 80. Com o tempo, desavenças levaram à criação das facções criminosas, segundo pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF).

    A partir dos anos 2000, policiais e ex-policiais deram origem às milícias, quando passaram a oferecer segurança aos moradores de comunidades sob domínio de traficantes. Começou a cobrança de taxa de proteção e de serviços, como internet e gás, e a expansão de territorial de atuação.

    Uma pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF mostrou que o grupo cresceu rapidamente. As milícias já controlavam, em 2019, 25,5% dos bairros do Rio. Enquanto isso, facções ligadas ao tráfico de drogas, existentes há mais tempo, ocupavam menor espaço.

    Ainda em 2019, o Comando Vermelho, que já existia há mais de 10 anos, ocupava 24,2% dos bairros. O Terceiro Comando atuava em 8,1% e Amigo dos Amigos (ADA), em 1,9%.

    Mapa elaborado pela UFF mostra domínio de grupos criminosos no Rio de Janeiro
    Mapa elaborado pela UFF mostra domínio de grupos criminosos no Rio de Janeiro / Reprodução

    O Mapa dos Grupos Armados do Rio de Janeiro indicou, ainda, que o poderio das milícias é maior que o de todas as facções juntas quando analisada a extensão territorial. São 686,75 quilômetros quadrados, equivalente a 57,5% do território da capital, nas mãos da milícia. Comando Vermelho, Terceiro Comando, e ADA têm, respectivamente, 11,4%; 3,7% e 0,3% desse domínio.

    Pouco mais de um quarto do território (25,2%) ainda está em disputa. Segundo o Mapa, pelo menos 4,4 milhões de pessoas moram hoje em áreas controladas por grupos criminosos no Grande Rio.

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