MPRJ deve anunciar novos integrantes do caso Marielle nos próximos dias
Promotoras pediram para deixar força-tarefa; familiares da vereadora temem que mudança possa atrapalhar investigação sobre o mandante do crime
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) irá anunciar nos próximos dias os novos integrantes da força-tarefa que investiga os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Neste fim de semana, as promotoras Simone Sibilio e Letícia Emile, anunciaram a saída da força-tarefa. As duas alegaram estar insatisfeitas com “interferências externas”.
As promotoras estavam à frente do caso desde setembro de 2018 e, no ano passado, passaram a coordenar a força-tarefa, que busca identificar o mandante da morte da vereadora. Procurado pela CNN, o MPRJ afirmou que a saída das promotoras foi voluntária. Em nota, a instituição afirmou que as investigações do caso não serão prejudicadas.
A saída das promotoras causou surpresa e consternação aos familiares da vereadora. A irmã e diretora do instituto Marielle Franco, Anielle Franco, cobrou explicações do Ministério Público.
“Queremos saber que interferências são essas. É inaceitável que, há mais de três anos sem respostas, ainda tenhamos que receber notícias como essa. A saída das promotoras pode comprometer a investigação. Por que tantas trocas?”, questiona Anielle, em um vídeo publicado nas redes sociais.
Essa não foi a primeira mudança na investigação do caso. Houve troca também no âmbito da Polícia Civil. Recentemente, o delegado Moyses Santana, que investigava as mortes de Marielle e Anderson, foi substituído por Henrique Damasceno, titular da delegacia da Barra da Tijuca, responsável pela investigação do caso do menino Henry.
O crime que já completou três anos ainda não teve um desfecho. O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz, acusados da morte de Marielle e Anderson, ainda serão levados à júri popular, mas a data do julgamento ainda não foi marcada.
Ronnie Lessa e outras três pessoas, incluindo a esposa do PM, foram condenados pela Justiça por ocultação e destruição de provas dos assassinatos da vereadora e do motorista.
Segundo o MP, os quatro participaram da operação, no dia 13 de março de 2019, para retirada e destruição de armas que estavam escondidas em um apartamento alugado por Lessa, no bairro Pechincha, na zona oeste do Rio.
Ronnie Lessa, um dos suspeitos de matar a vereadora, foi condenado a quatro anos e seis meses de reclusão pela ocultação de armas que teriam sido utilizadas no crime. Já Elaine Figueiredo Lessa, Bruno Figueiredo, José Marcio Mantovano, o Márcio ‘Gordo’, e Josinaldo Freitas, o ‘Djaca’, foram condenados a quatro anos de reclusão pelo envolvimento na operação que retirou as armas da casa de Ronnie Lessa que acabaram jogadas no mar da Barra da Tijuca, em 2019.
Eles tiveram as penas privativas de liberdade substituídas por penas restritivas de direitos para prestação de serviços à comunidade e limitação de fim de semana, sendo obrigados a permanecer aos sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outra instituição definida pela Vara de Execuções Penais.
Em nota, a defesa do PM Ronnie Lessa afirmou que o cliente foi condenado por “possuir armas que sequer foi comprovado que existiam”. E que Bruno Figueiredo e Elaine Figueiredo igualmente foram condenados com “base em nada”. E que a condenação foi apenas pela repercussão do caso.