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    MPF pede perícias após suspeita de combustível adulterado em aeronaves

    O pedido faz parte da investigação instaurada para apurar indícios de contaminação do combustível utilizado por aviões de pequeno porte

    Vital Neto* , Da CNN, em São Paulo

    O Ministério Público Federal de São Paulo enviou, nesta segunda feira (3), três ofícios, endereçados aos diretores e superintendentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e da Petrobras, solicitando informações e resultados de laudos e perícias realizadas pelas agências e pela empresa para averiguar a possível adulteração de combustíveis de aeronaves de pequeno porte (AVGAS). No início de julho, a CNN noticiou, em primeira mão, relatos de pilotos que denunciavam a adulteração dos combustíveis. 

    De acordo com nota do MPF à imprensa, o pedido faz parte da investigação instaurada para apurar indícios de contaminação do combustível utilizado por aviões de pequeno porte, que poderia colocar em risco a segurança de pilotos, passageiros e de pessoas em geral, vítimas de eventuais acidentes com tais aeronaves. 

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    O MPF requisitou a perícia da AVGAS comercializada no Brasil, bem como o imediato recolhimento do produto em todas as localidades onde forem apontadas suspeitas de contaminação, especialmente nas distribuidoras do combustível no país.

    A possível adulteração da gasolina de aviação foi inicialmente denunciada pela Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves, que relatou a ocorrência de corrosões agressivas em tanques, mangueiras e em outros componentes de aviões, causando inclusive vazamentos. Tais danos seriam aparentemente provocados pelo combustível contaminado.

    O ofício informa ainda que, em função das denúncias, deu-se a paralização de pelo menos 12 mil aeronaves em todo o país, que utilizam esse tipo de combustível, mas que não existem garantias de que outras aeronaves de pequeno porte não estejam operando.

    “Face à extensão da aparente contaminação e à agressividade da corrosão dos componentes das aeronaves, é concreto o risco de acidentes aéreos, atingindo pilotos e público em geral. A eventual adulteração do produto configura crime, e a inoperância de tais aeronaves também traz prejuízos econômicos relevantes para todos os operadores e companhias que consomem referido combustível”, destaca a procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn, responsável pelo inquérito civil público.

    A própria Petrobras decidiu, preventivamente, interromper o fornecimento de um lote de gasolina de aviação importada, após testes realizados em seu centro de pesquisas identificarem componentes diferentes dos lotes até então adquiridos. A empresa informou que “estuda a hipótese de variação da composição química ter impactado os materiais de vedação e revestimento de tanques de combustíveis de aeronaves de pequeno porte”. 

    A demanda brasileira por gasolina de aviação é inteiramente suprida por combustível importado pela Petrobras e distribuído por diversas empresas. O MPF solicitou que sejam verificadas as condições técnicas e de qualidade do produto estocado nos principais pontos da cadeia de suprimentos que atende o Brasil. 

    Também foi requisitada à Petrobras e à ANP a tomada de providências para detectar em que ponto da cadeia de suprimentos pode ter se dado a contaminação. À Anac, o MPF solicitou informações sobre os registros de aeronaves que apresentaram problemas pelo uso da AVGAS. A agência também deverá fornecer imediatas instruções a distribuidores, revendedores e aviadores sobre verificações que possam ser conduzidas antes das operações como forma de mitigação de riscos. 

    Somado a isso, deve recomendar a todos os operadores que não executem voos quando observados indícios de contaminação do combustível.

    Além do inquérito civil público que apura a violação de direitos dos consumidores, o MPF determinou a abertura de inquérito policial para investigação da suposta prática de crime contra a segurança de transporte aéreo, conforme descrito no artigo 261 do Código Penal.

    *Sob supervisão de José Brito

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