Mosca-da-carambola: especialistas alertam para proliferação da praga
Quatro estados decretaram emergência e exportadores de frutas podem ter prejuizo de R$ 400 milhões
O Ministério da Agricultura e Pecuária declarou emergência fitossanitária para a presença descontrolada da mosca-da-carambola, um inseto de 7mm que pode devastar plantações de frutas, arrisca gerar ao Brasil um prejuízo de R$ 400 milhões por ano às exportações, segundo estimativa da Embrapa (Empresa Brasileira de Agropecuária)
Especialistas confirmam que a praga representa um risco para a produção de frutas in natura, principalmente voltado para a exportação. A proliferação do inseto pode acarretar prejuízos econômicos diretos, com diminuição de cultivos, aumento nos custos de produção pelo emprego de medidas de controle, monitoramento e convivência com a peste e menor valor da produção, pela perda de qualidade.
Há, ainda, os impactos indiretos, com eliminação de mercados e exigência de quarentena para exportação. Em entrevista à CNN, o professor de Entomologia da Esalq-USP, Marcoandre Savaris, destaca a importância dos cuidados com os frutos afetados “é preciso impor restrições para evitar que essa praga se espalhe para outras regiões. Além de manter a espécie monitorada na região Amazônica.”
A emergência fitossanitária, por enquanto, está decretada em quatro estados: Amapá, Amazonas, Pará e em Roraima. A medida, publicada na segunda-feira (13) no Diário Oficial da União, vale por um ano e visa controlar o risco de a praga se espalhar por outras localidades do país.
Para o professor da USP a primeira ação a ser tomada é evitar a circulação de frutos das regiões em estado de emergência. “Apesar de estar restrita no momento é necessário ter um cuidado muito grande em não dispersar as larvas. Com o controle biológico e a utilização de outros insetos a fiscalização sobre esses frutos fica bem mais eficiente.”
Até agora, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na tentativa de controlar a praga, foram adotados o uso da técnica de aniquilação de machos, atrativo alimentar, pulverizações, coleta de frutos, erradicação de plantas, monitoramento e fiscalização dos pontos de entrada de mercadorias e passageiros e ações de educação fitossanitária.
A mosca-da-carambola e a larva não causam nenhum problema ao ser humano, Savaris afirma que esse não é um inseto que vai causar algum tipo de doença, apenas danos em frutas. E sobre o meio ambiente, implica apenas na proliferação dos frutos, gerando uma queda precoce.
A praga ocasiona grande problema para a economia e o setor de empregos, “o interesse comercial acaca sendo afetado pela inviabilização desses frutos para a comercialização interna e externa. Além da cadeia de produção de frutas que tem muitas pessoas envolvidas”, afirma Marcoandre Savaris.
Nativa da Indonésia, Malásia e Tailândia, a espécie foi detectada pela primeira vez no Brasil em 1996, no Amapá. Ao se alimentar de um fruto, o inseto deposita larvas que se tornam hospedeiras e aceleram o processo de amadurecimento e queda do fruto já estragado.
Além da carambola, de maior preferência, a praga também pode atacar outras frutas, como goiaba, manga, jambo, acerola e tangerina, tornando os frutos inviáveis para consumo humano e aumentando o custo da produção por causa das medidas de combate.
Desde 2017, o MAPA estabeleceu os procedimentos para prevenção e erradicação da praga quarentenária, ou seja, que está restrita a algumas regiões do país. Até o início de 2023, a mosca-da-carambola estava restrita aos estados do Amapá, Roraima e Pará; e em março, Roraima foi declarado sob quarentena por tempo indeterminado.