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    Guarulhos tem 4 vezes mais mortes por coronavírus que Campinas

    De proporção semelhante e iguais em vários aspectos, municípios paulistas vivem realidades completamente distintas no enfrentamento da pandemia

    Daniel Mota, José Brito, Nelson André de Russi e Sandro Zeppi, da CNN, em São Paulo

     

    Duas grandes cidades do estado de São Paulo, com mais de um milhão de habitantes, enfrentam realidades bem diferentes em relação à pandemia do novo coronavírus. Guarulhos já registrou 283 mortes pela doença, enquanto Campinas tem 78.

    As duas cidades estão entre as maiores do estado e são muito parecidas em vários aspectos. Guarulhos, na Grande São Paulo, e Campinas, no interior, são cortadas por rodovias de grande circulação, Anhanguera, Bandeirantes e Presidente Dutra.

    As duas também têm aeroportos importantes: Viracopos, em Campinas, é o maior em movimentação de carga, e Cumbica, em Guarulhos, é o maior da América do Sul.

    Neste momento, a grande diferença entre as cidades é o número de casos da Covid-19. Raul Borges é professor de Geografia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e faz parte de um grupo que estuda o avanço da doença fora da cidade de São Paulo.

    Essa diferença pode ser explicada por duas questões: a desigualdade social existente em Guarulhos e a proximidade da cidade com a capital do estado. Borges lembra que um estudo feito pelo IBGE mostra que proporcionalmente Guarulhos tem mais moradores em favelas do que São Paulo: 280 mil pessoas.

    Para entender essas diferenças, a CNN foi até as duas cidades para conhecer a realidade. Em Guarulhos, os primeiros casos começaram a ser diagnosticados no centro, e a doença foi se espalhando para a periferia. Ricardo Santos, morador que perdeu o pai para a doença, alerta para o grande número de pessoas sem usar máscaras na cidade.

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    Já em Campinas, o início da doença foi verificado em bairros de classe média e alta, de onde a Covid-19 se espalhou para os bairros da periferia. A maior preocupação está em Campo Grande e Ouro Verde, dois bairros que são áreas de grande concentração de pessoas e que possuem 13% dos casos. Para evitar a disseminação dos casos, o comitê municipal de enfratamento da doença iniciou o isolamento social em 16 de março, uma semana antes do decreto estadual.

    As duas cidades possuem hospitais de campanha. O de Guarulhos foi o primeiro do país a ser construído e tem laboratório, tomógrafo, raio-x e ultrassom. São 56 leitos de enfermaria e 14 de UTI, em uma estrutura que custa R$ 5 milhões por mês.

    De acordo com o prefeito Gustavo Costa (PSD), Guarulhos tem uma série de dificuldades. A cidade tem recursos bloqueados pela Justiça. Falta dinheiro e respiradores no mercado para aumentar o número de UTIs na rede de saúde.” A gente está chegando perto do colapso , estamos correndo muito para conseguir contratar novos leitos”, diz.

    Em Campinas, o hospital de campanha foi montado por uma ONG. São 36 leitos, com a possibilidade de expansão a 114. Um dos grandes trunfos da cidade do interior para combater a pandemia é o sistema de saúde. Campinas conta com o Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que é referência para 6 milhões de pessoas que vivem na cidade e em outros 60 municípios do entorno.

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