Rio de Janeiro pode liberar o uso de máscaras ainda nesta quinta-feira (28)
Capital fluminense será a primeira a suspender obrigatoriedade; mesmo com decreto estadual, pelo menos 13 cidades manterão uso da proteção facial em todos ambientes
O estado do Rio de Janeiro publicará em Diário Oficial a lei que flexibiliza o uso de máscaras em ambientes abertos, em todo o território fluminense. A previsão é que isso ocorra na tarde desta quinta-feira (28) ou na manhã desta sexta (29). Com isso, os cariocas poderão sair às ruas sem a proteção facial, já que o município também derrubou a exigência. A capital é a primeira do país a fazer essa flexibilização.
Um levantamento feito pela CNN mostra que pelo menos 13 cidades fluminenses vão manter a obrigatoriedade do item, mesmo com a nova lei estadual.
Os municípios de Angra dos Reis, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Arraial do Cabo, Niterói, Resende, Queimados, Volta Redonda, Petrópolis, Campos, Cabo Frio, Teresópolis e Nilópolis vão manter a obrigatoriedade das máscaras tanto em áreas abertas como locais fechados. As outras cidades foram procuradas e ainda não responderam se manterão a exigência.
Para a flexibilização da máscara em locais abertos, os municípios vão precisar atingir um percentual de vacinação da população, além da realização de eventos-teste. A CNN apurou com interlocutores do governador Cláudio Castro (PL) que, na prática, quaisquer que sejam as regras, a capital do estado estará incluída.
No primeiro cenário, o aval para liberar máscaras em locais abertos está condicionado a 65% da população total da cidade vacinada. A segunda opção é autorizar os municípios que baterem 75% do público-alvo vacinado. A cidade do Rio de Janeiro já ultrapassou os dois índices: está com 65,6% da população total vacinada e 76,6% do público-alvo da campanha imunizado.
Especialistas criticam flexibilização
Para Chrystina Barros, membro do comitê de combate ao coronavírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a liberação do uso de máscara é um erro. Segundo ela, a medida pode facilitar a aparição de novas variantes da Covid-19.
“A vacinação contra a doença precisa avançar mais, mesmo sabendo que os números na capital do RJ já estão com um patamar razoável. Ninguém está lembrando que as crianças precisam ser imunizadas. Elas não evoluem para quadros graves normalmente, mas elas transmitem mesmo assim, são vetores”, disse.
“Com isso, o grande risco é a aparição de novas variantes. Podendo ser até uma mutação que drible a eficácia das vacinas. Eu acredito que as pessoas com comorbidade, que moram mora com idosos, deveria continuar usando a proteção por bastante tempo”, explicou Barros.
O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Diego Xavier, chamou atenção para os indicadores epidemiológicos. Caso o contágio do coronavírus volte a crescer, ele acredita que as flexibilizações precisam ser imediatamente repensadas.
“Temos que ficar atentos aos números. Caso a gente registre um aumento no número de casos ou de óbitos, vamos precisar retroceder imediatamente as medidas de flexibilização, sendo a principal delas a das máscaras. Isso precisa ser orientado para a população como um todo, não podemos agir como se o problema tivesse ido embora, porque ele ainda está entre nós”, apontou Xavier.