Moradores de Teresina relatam danos e traumas por falta de energia
Moradores ficaram sem luz desde a noite de 31 de dezembro; concessionária diz que energia foi 100% restabelecida neste domingo (3)
Após passarem aproximadamente 48 horas sem energia elétrica, os moradores de Teresina, Piauí, começaram a se restabelecer e calcular os danos causados pela falta de luz. Um paciente com câncer teve que ser removido às pressas para prosseguir com o tratamento de saúde e demais moradores acumulam prejuízos com perda de alimentos e aparelhos elétricos.
O transtorno teve início na noite de 31 de dezembro, após uma tempestade com fortes ventos ter atingido a capital piauiense e deixado diversos bairros sem energia. De acordo com a Equatorial, concessionária de energia em Piauí, o fornecimento de energia foi 100% reestabelecido na tarde deste domingo (3).
A dona de casa Arlene Coelho, moradora do bairro São Cristóvão, relatou o susto que passou com seu marido, de 72 anos, que é paciente oncológico.
“Meu esposo tem câncer, é acamado, não fala, não anda, faz uso de aparelhos, como umidificador. Pela falta de energia eu fiquei preocupada. No dia seguinte, eu vi que ele já estava bem secretivo, ele vive em cama hospitalar e é paciente de alta complexidade. Às pressas decidi levar ele para a casa do meu filho, que já tinha energia no dia seguinte”, relata.
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A moradora afirma que levou o marido para a casa do filho em seu próprio carro, onde conseguiu ligar o aparelho para aspiração. Entretanto, Arlene relembra que as condições não eram ideais para o tratamento do marido.
“Lá o apartamento é pequeno, não tem cama hospitalar, tive que chamar uma equipe de limpeza para trazer um cilindro de oxigênio”, diz. Ela acrescenta que entre os transtornos, houve a perda de medicamentos que eram armazenados na geladeira.
“Não tem energia para alimentação industrializada, o remédio que ele toma, que é de geladeira também, estragou. Se eu não tivesse tomado a providência de sair, ele não estaria conosco. O susto que a gente tomou, ficamos traumatizados”, afirma Arlene.
No bairro Jockey, a falta de energia durou das 19h30 do dia 31 de dezembro até o fim de tarde de sábado (2).
A assistente de direção em audiovisual Martha Carvalho estava visitando a família para as festas de fim de ano e relatou o transtorno que passaram na casa de sua avó.
“A casa da minha avó tem muitas pessoas, então, temos duas geladeiras e um freezer. Estragou toda a comida do Réveillon, além de frutas e hortaliças. Saímos em busca de gelo para colocar alimentos em isopor, mas já não encontrávamos mais, só achei em outro bairro e salvei o que pude”, diz Martha.
Driblar o calor, em plena noite de virada de ano, foi um desafio para a família. De acordo com Martha, que é moradora do Rio de Janeiro, apenas uma parede ainda tinha energia e, toda a família se reuniu no mesmo cômodo para dormir com um ventilador. Uma amiga, moradora do bairro vizinho, queimou a geladeira devido à instabilidade da energia elétrica.
“A virada foi à luz de velas, fizemos a ceia no escuro. As pessoas logo foram dormir, eu ia colocar o karaokê para a família se divertir na noite da virada, mas não deu e logo fomos dormir”, diz.
Restabelecimento da energia
Em nota, a Equatorial Piauí esclareceu que concluiu o restabelecimento do fornecimento de 100% das ocorrências coletivas registradas em Teresina, após as fortes chuvas, ventos e raios que atingiram a capital.
“A força tarefa realizada pela Distribuidora segue agora tratando os casos isolados e pontuais registrados. Há 82 equipes de atendimento emergencial em campo, sendo 15 de manutenção pesada, e quase 300 colaboradores estão empenhados na recuperação da rede elétrica na capital, trabalhando em tempo integral desde o início das ocorrências” afirmou a empresa.
Ainda de acordo com a concessionária, em toda a capital, há registro de, pelo menos, 280 árvores que caíram sobre a rede, que corresponde a 90% das ocorrências coletivas registradas desde o dia 31.
Transferência de pacientes
Por precaução, uma maternidade e um hospital de campanha em Teresina transferiram pacientes que precisariam de intubação. De acordo com a secretaria de saúde, no entanto, a energia dos geradores foi suficiente para o abastecimento dos leitos.