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    Moradora de São Sebastião do Caí perdeu tudo pela segunda vez desde novembro por causa das chuvas no RS

    Banhada pelo rio Caí, cidade ficou quase inteira submersa

    Letícia Cassianoda CNN*

    A corretora de imóveis e aposentada Zoraia Câmara tem 64 anos e mora a sete quarteirões das margens do rio Caí, na cidade de São Sebastião do Caí, no Rio Grande do Sul. No dia 30 de abril, ela, o marido, o filho, uma irmã e a mãe de 88 anos precisaram sair de casa com a água quase na cintura.

    Segundo ela, o nível do rio subiu tão rápido que a família só conseguiu pegar os animais da casa e algumas roupas antes de deixar o imóvel para trás pela segunda vez desde novembro do ano passado, ocasião em que a água chegou ao recorde de 16m. Na noite da última quinta-feira (2), a régua da prefeitura registrou 17,60m, enchendo o centro da cidade e todos os bairros a pelo menos sete metros acima do leito.

    São Sebastião do Caí fica no Vale do Caí, a cerca de 60 Km de Porto Alegre, e foi uma das primeiras regiões afetadas nesta semana de chuvas que atingem o estado gaúcho, justamente por estar localizada no pé da serra. De acordo com o boletim das 18h desta sexta-feira (3) da Defesa Civil estadual, 265 municípios do Rio Grande do Sul foram atingidos por enchentes nos últimos dias.

    Zoraia conta que sempre foi muito raro o nível do rio chegar a 13m, o suficiente para atingir alguns bairros, mas que estava preparada para sair de casa já na segunda-feira (29), quando contratou um caminhão para levar os eletrodomésticos recém comprados para um lugar seguro no dia seguinte. Na madrugada de terça-feira, veio o primeiro alerta vermelho de cota de inundação.

    A casa de Zoraia foi construída a uma altura que suporta 15m de cheia e a estimativa da Defesa Civil era de que o rio subisse até 14m. Por volta das 16h do dia 30, no entanto, o caminhão não conseguiu acessar sua rua e a família desistiu de erguer os móveis – o segundo grande prejuízo material que sofreu em seis meses por causa das enchentes.

    Moradora de São Sebastião do Caí perdeu tudo pela segunda vez desde novembro por causa das chuvas no RS / Arquivo Pessoal

    “Em uma enchente normal, o comum era subir treze, quatorze metros. Agora o novo normal para o Rio Grande do Sul, dito pelos meteorologistas, são enchentes desta proporção de quinze, dezesseis metros. Então a gente não tá preparado para isso, a gente não tem estrutura para suportar esse volume de água. […] Nossa prefeitura, nossa defesa civil, não tem estrutura para atender tantas pessoas”, relatou Zoraia à CNN.

    O último painel com o nível do Rio Caí, divulgado pela prefeitura do município às 18h, indica que a água está a 15,8m. Observando a velocidade com que o rio recua, Zoraia acredita que poderá voltar para casa até domingo, para recomeçar a construção do que foi destruído pela lama.

    “No dia 30 a água entrou e ainda hoje ainda metade da cidade segue embaixo d’água. Eu só estou imaginando quando eu voltar para casa como ela vai estar, com as portas, janelas e parte dos móveis quebrados. Com o chão branco sujo, as paredes, cheio de lama”, finalizou ela sobre o que espera encontrar quando voltar para casa.

    *Sob supervisão de André Rigue