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    Mensagens mostram que babá avisou mãe sobre marcas de violência no menino Henry

    Em depoimento, a mulher disse que nunca havia visto marcas de violência no menino; na conversa, a babá enviou mandou fotos à mãe e contou que Henry tinha dores

    Rafaela Lara e Thayana Araujo, da CNN, em São Paulo e no Rio de Janeiro

    Uma série de mensagens trocadas entre a mãe do menino Henry Borel, Monique Medeiros, e a babá Thayná Ferreira, indica supostas agressões praticadas pelo vereador Dr. Jairinho contra a criança. A mãe de Henry e o parlamentar carioca foram presos na manhã desta quinta-feira (8), em Bangu, na zona oeste do Rio. 

    Henry morreu em 8 de março e, segundo as investigações, houve tortura contra a criança, mas a mãe não teria presenciado a cena. No dia da morte, o menino Henry Borel passou o dia com o pai e somente à noite foi entregue para Monique. 

    De acordo com as conversas obtidas pela Polícia Civil, as agressões teriam acontecido dentro do quarto do casal no apartamento em que o vereador, que era padrasto de Henry, e Monique moravam. Os prints das conversas foram recuperados pelos investigadores após Monique ter excluído os arquivos de seu aparelho.

    Os dois foram presos sob suspeita de interferência nas investigações. Em depoimento à Polícia Civil, a babá relatou nunca ter percebido nada de anormal nem ter visto qualquer marca de violência no corpo do menino.

    “Nós temos uma testemunha, que tinha vínculo com eles dois, que visivelmente contou uma versão falsa à polícia. Esse é um dos indícios que demonstra claramente que havia interferência deles na investigação, porque é um depoimento de testemunha, que tem o dever legal de falar a verdade”, disse o delegado Henrique Damasceno. A CNN tenta contato com a defesa de Thayná Ferreira.

    Henry Borel, de 4 anos, morreu em 8 de março
    Henry Borel, de 4 anos, morreu em 8 de março; padrasto e mãe falam em acidente, mas polícia investiga agressão
    Foto: Reprodução/Instagram

    Em uma das conversas recuperadas pelos policiais, Thayná relata que o menino estava no quarto com Jairinho e, mais tarde, Henry revelou que havia levado “uma banda (rasteira)” e reclamou de dores na cabeça e no joelho. A babá também enviou fotos e vídeos que mostram marcas de violência no menino.

    Henry no quarto com Dr. Jairinho

    A babá relatou que os dois ficaram sozinhos em um quarto e que chamou por Henry e Jairinho, mas não teve resposta. Segundo ela, no momento em que os dois estavam no quarto, a TV estava ligada e só era possível ouvir “voz de desenho”. A mãe, então, pede para que a babá entre no quarto. 

    “Entra no quarto mesmo assim”, diz Monique. E Thayná responde: “Fico com medo do Jairinho não gostar da invasão”. Depois que a porta do quarto foi aberta, Thayná enviou uma foto dela segurando Henry no colo. 

    “Coitado do meu filho”

    Após sair do quarto, a babá diz que Henry “não quer ficar na sala sozinho”. “Ele quer eu fique sentada ao lado dele só”, disse. A mãe, então, responde: “coitado do meu filho”. Thayná alerta que Dr. Jairinho estava “arrumando a mala” e ainda estava no apartamento. 

    A mãe orienta a babá a perguntar o que aconteceu, e a babá diz que sentia que estava sendo observada por Jairinho. Durante a conversa, a mãe pede que a babá “dê um banho nele [Henry]”. Ela responde: “ele não quer entrar ali no corredor”.

    Mãe fala em instalar câmeras no apartamento

    Depois dos relatos da babá, Monique fala na instalação de microcâmeras no quarto do casal. “Ele foi para o nosso quarto ou do Henry”, pergunta. A babá responde que é “sempre no seu quarto”. “Eu vou colocar uma microcâmera. Me ajuda a achar um lugar. Mas tem que ser imperceptível”, diz a mãe à babá. 

    A babá concorda com a instalação de câmeras e diz que seu tio pode ajudar. “Meu padrinho instala câmeras. Tem até empresa de câmera”, conta.  “Porque não tá normal”, continua Thayná. A mãe de Henry concorda e pede para continuar sendo informada. 

    ‘Tá mancando’

    “E eu tenho medo porque cuido dele com muito amor e tenho medo até dele cair comigo. Aí não sei o que Jairinho faz quando chega, depois ele tá machucado sei lá”, diz a babá em outro trecho da conversa. “Alguma coisa estranha mesmo”, diz a mãe, em seguida.

    Mais adiante, a babá relata o que ouviu de Henry: “Então me contou que deu uma banda [rasteira] e chutou ele que toda vez faz isso. Que fala que não pode contar. Que ele pertruba a mãe dele
    Que tem que obedecer ele. Se não vai pegar ele. Combinei com ele agora. Toda vez que Jairinho chegar e voce não tiver eu vou chamar ele para brinquedoteca e ele vai aceitar ir. Porque estou aqui para proteger ele. Aí eu disse se você confia na tia me dá um abração aí ele me deu.”

    A mãe pede detalhes, mas a babá disse que o menino não contou mais nada e envia um vídeo de Henry. “Tá mancando. Mas tô cuidando dele. Termina tudo em paz. Quando você chegar a gente se fala. vou dar banho nele. Beijos”.

    Monique indaga: “A porta do quarto estava aberta ou fechada quando o Henry entrou no quarto?”
    “Quando Henry entrou estava aberta. Depois ele fechou. E daí ficou até aquela hora com a porta fechada. Henry tá reclamando da cabeça. Pediu ‘tia não lava não. Tá doendo'”, explica a babá. “Meu Deus. como assim? Pergunta tudo, Thayná. Será que ele bateu a cabeça?”, pergunta a mãe.

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