Memorial dedicado às vítimas da Covid-19 é inaugurado no Rio neste domingo (20)
Familiares e amigos poderão marcar o nome de seus entes queridos na obra, localizada no Cemitério da Penitência
Para além de quase 140 mil mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil, a pandemia também deixou marcas emocionais e psicológicas para quem perdeu entes queridos e não pode realizar cerimônias fúnebres de despedida.
Pensando nisso, a arquiteta Crisa Santos criou um monumento para todos aqueles que não tiveram direito aos ritos fúnebres. A obra, batizada de Memorial In-finito, foi inaugurada neste domingo (20) e é o primeiro memorial físico dedicado às vítimas da Covid-19 no Brasil.
Localizada no Crematório e Cemitério da Penitência, no bairro do Caju, zona portuária do Rio de Janeiro, a abertura do memorial faz parte das celebrações do movimento O Mundo Unido Pela Vida, realizado em mais de 30 países.
A ideia veio de uma peregrinação realizada pela arquiteta durante o pico da pandemia no Brasil. Ela estava em busca de histórias que pudessem fundamentar suas pesquisas no campo da neuroarquitetura. A concepção da obra envolveu cerca de 50 profissionais de várias áreas de atuação e diferentes locais do país.
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O objetivo com o memorial é que as famílias possam fazer parte do monumento, deixando ali os nomes de seus entes queridos. Para isso, devem apresentar a certidão de óbito, com a causa da morte sendo Covid-19, e pagar uma taxa de R$ 125. O administrador do cemitério, Alberto Brenner Júnior, afirma que o memorial homenageia todas as famílias fluminenses, independentemente de onde seus entes foram sepultados. “Vamos acolher todas as pessoas que quiserem conhecer a obra e também fazer parte dela.”
A escultura é feita de aço oxidado, com 39 metros de altura, 2,7 toneladas e tem estética fluida, em referência à eternidade. Além da peça principal, o memorial conta com bancos e passagens. “A idealização da obra a céu aberto foi para oferecer um local em que os visitantes possam meditar e se conectar com quem partiu. Isso ajuda a ressignificar a morte, especialmente na pandemia, que inviabilizou as despedidas”, explica a arquiteta.
Edição: Paula Bezerra