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    Manifestação “silenciosa” faz homenagem a congolês e chama atenção para situação de refugiados

    Faixa com a foto de Moïse Kabagambe foi presa ao quiosque onde o rapaz foi assassinado. Comissão de direitos humanos da Câmara dos Deputados pede apuração eficaz do caso no Rio

    Isabelle SalemeThayana AraújoCamile Coutoda CNN , Rio de Janeiro

    No quiosque onde Moïse Kabagambe perdeu a vida, uma faixa com o lamento da mãe do rapaz, que tinha 24 anos, foi colocada. Ao lado da foto do refugiado da República Democrática do Congo, a frase dita por Ivana Lay. “Fugimos do Congo para que não nos matassem. Mas mataram meu filho aqui”.

    Segundo o articulador social da ONG Rio de Paz, João Luis Silva, a ação tem o objetivo de chamar a atenção para a situação dos imigrantes no país. “Resolvemos trazer a frase como uma forma de impactar, chocar ainda mais essa sociedade que não olha para essa pessoa como um sujeito de direitos. Como uma pessoa que tinha família, como uma pessoa que tinha mãe, irmãos. Moïse não era só esse aquele rapaz preto que foi espancado. Moïse era mais que isso. A frase dela pode ser a frase de muitos outros imigrantes”, disse João Luis.

    Muitas pessoas que passaram pelos quiosques onde tudo aconteceu paravam para tirar fotos. “A gente fica perplexo mais uma vez, a gente fica muito impactado pela forma como Moïse foi brutalmente morto. Mas isso não pode ser normal, isso não pode cair na naturalização. (…) A gente precisa mostrar repúdio, apoio à família, para que esse caso não se repita”, disse o representante da ONG, que é conhecida pelos protestos contra a violência no Rio de Janeiro.

    Moïse foi morto no último dia 24 de janeiro. De acordo com a família, o congolês trabalhava como freelancer em quiosques da orla e teria ido cobrar uma dívida trabalhista. A Polícia Civil do Rio de Janeiro já ouviu pelo menos doze pessoas. Funcionários dos estabelecimentos negaram que houvesse pagamentos em atraso. De acordo com os depoimentos, a discussão teria começado entre o funcionário do quiosque e Moïse, porque o congolês estaria embriagado e tentando pegar bebidas. A informação foi rebatida pela família e pela OAB.

    Os agressores, no entanto, disseram à polícia que escutaram a discussão e foram defender o funcionário do quiosque. Todos afirmam que não houve motivação racial ou xenofóbica no crime. Três homens identificados como agressores da vítima foram presos em caráter temporário por 30 dias. O quiosque segue fechado por determinação da Orla Rio, responsável pela administração dos espaços.

    Segundo o representante da ONG, “nenhuma causa justifica o fato de uma pessoa ser brutalmente, covardemente assassinada. Nenhum fato. Nem que ele tivesse levado alguma coisa desse quiosque. Porque se nós formos por esse caminho, nós vamos justiçar, legitimar o espancamento de pessoas nas ruas. Nós vamos legitimar a justiça com as próprias mãos. E esse país tem lei. Precisa que respeite as leis, sobretudo a com a vida humana”, lembrou João Luis.

    A CNN teve acesso a todas as imagens do circuito interno do quiosque e decidiu exibir os trechos que mostram a emboscada a Moïse. As agressões não serão exibidas.

    Câmara dos Deputados cobra esclarecimentos sobre o caso

    A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados avalia uma diligência ao Rio de Janeiro para acompanhar o caso de perto. Os parlamentares solicitaram às autoridades a adoção de providências para rigorosas na apuração dos fatos, com identificação dos autores e sua devida responsabilização. Tanto o Governo do Estado, como o Ministério Público e a Polícia Civil já foram notificados para o envio de informações.

    O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) informou que está adotando de forma célere todas as providências cabíveis ao caso. Já obteve junto à Justiça a prisão temporária dos três homens flagrados por câmeras de segurança espancando o jovem congolês.

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