Mais de 95% do desmatamento na Amazônia é ilegal, diz climatologista
Em entrevista à CNN, Carlos Nobre, climatologista e pesquisador do IEA-USP, comenta alerta do INPE sobre recorde de desmatamento na Amazônia legal em fevereiro - antes mesmo do mês acabar
Em entrevista à CNN neste domingo (26), Carlos Nobre, climatologista e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), afirmou que mais de 95% do desmatamento registrado na região da Floresta Amazônica é ilegal.
“O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) tem uma listagem de todo tipo de desmatamento: o de corte raso, degradação florestal, principalmente associada à extração ilegal de madeira, mineração ilegal, com pistas de pouso, por exemplo, para o garimpo, queimadas…”, disse ele.
“Com essa listagem, o INPE produz dados diariamente e envia para órgãos de fiscalização. Mais de 95% dos desmatamentos da Amazônia são ilegais e precisam ser eficazmente combatidos.”
O comentário do pesquisador e climatologista ocorre em meio ao alerta do órgão federal sobre o nível recorde de desmatamento na Amazônia legal em fevereiro — antes mesmo do mês acabar.
De acordo com a plataforma Terra Brasilis, desenvolvida pelo INPE, foram registrados 208,75 km² desmatados apenas entre 1º e 17 de fevereiro. Esse número supera o acumulado mensal ao longo do mês completo de toda a série histórica, iniciada em 2016.
Os números, segundo o especialista, indicam necessidade de ação — inclusive em prol da própria economia.
“O agronegócio moderno já enxerga que não é esse o caminho e que, economicamente, é péssimo para o agronegócio. Com o novo marco legal da Europa, desde janeiro de 2021 o Brasil não consegue exportar nenhuma quantidade de alimentos, grãos e carnes, feitos em área desmatada”, afirma ele.
“E não é só a Europa não. A China também, maior importadora de produtos brasileiros, também vai entrar nessa política. Isso é uma preocupação mundial para que a agricultura não contribua para o desmatamento e emissão de gases do efeito estufa.”
Confira a entrevista na íntegra no vídeo acima.