Mãe de vítima de ataque a creche em Blumenau morre de câncer; esposa fala em “família destruída”
Samira Barbosa tinha 30 anos e lutava contra um câncer, descoberto ainda antes do filho de 4 anos ser morto, em abril
A mãe de uma das crianças mortas em um ataque a tiros contra uma creche em Blumenau (SC), no mês de abril, morreu nesta quarta-feira (20) após um longo tratamento contra um câncer no ovário.
Samira Barbosa tinha 30 anos e vai ser cremada. Ela perdeu o filho Enzo Marchesin Barbosa, que tinha 4 anos, atingido pelos disparos em 5 de abril. O garoto foi adotado há dois anos.
A esposa dela, Carina Marchesin, conversou com a CNN nesta quinta-feira (21). “Me sinto anestesiada. Sabia que essa hora iria chegar, mas nunca estamos prontos para ela. Sinto que minha família perfeita foi destruída”, afirmou.
Samira já tinha histórico de câncer e descobriu, dias antes do atentado, que uma nova metástase tinha aparecido no peritônio. O tratamento foi longo e doloroso, segundo Carina, e o câncer se espalhou pelo corpo, chegando até ao pulmão.
“Ela vivia com dores, mas tentava ser independente. Eu pegava uma colher para alimentá-la, ela queria tomar a colher de mim para comer. Ela sempre foi guerreira, até o último minuto”, lembra.
O Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (HEMOSC), onde Samira trabalhava, publicou uma nota nas redes sociais lamentando a morte. “Samira lutou corajosamente contra o câncer e sempre olhou de forma positiva para a vida”, diz o texto.
“E era exatamente isso que ela levava. Ela lutou muito mesmo e nunca perdeu o sorriso, a alegria”, afirma a esposa. O corpo de Samira vai ser cremado em uma cerimônia restrita para a família.
A lembrança de Enzo
Constantemente, o casal postava nas redes sociais lembranças do menino, que tinha 4 anos quando foi morto na creche.
Naquele dia, Carina pensou que iria ficar sozinha para sempre. “Eu gritava, chorava, dizendo que ia ficar sozinha. E a Samira disse que ficaria comigo até o fim. Foi e está sendo muito difícil passar por toda essa situação em tão curto espaço de tempo”, desabafou.
No dia do crime, o garoto dizia que iria sentir saudade da mãe, que iria se internar em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do mesmo hospital onde trabalhava para começar o tratamento.
O ataque
No dia 5 de abril, um homem de 25 anos invadiu o CEI Cantinho do Bom Pastor, matou quatro crianças e feriu outras cinco.
Após o ataque, o criminoso se dirigiu usando uma motocicleta até o 10º Batalhão de Polícia de Blumenau, se entregou e foi encaminhado à Polícia Civil.
A Polícia Militar de Santa Catarina (PM-SC) informou que o homem teria pulado o muro da creche, localizada na rua dos Caçadores, no bairro Vila Velha. Cerca de 40 crianças estariam usando o parquinho no momento da invasão.
O agressor atacou as crianças usando um machado, e assassinou quatro delas, além de ferir cinco. A princípio, as agressões aconteceram de maneira aleatória.
Professores relataram que tentaram trancar os bebês dentro de uma sala de aula para evitar que fossem atacados. Ao ver professores defendendo e chamando crianças para dentro do prédio, o criminoso pulou o muro novamente e deixou o local.
O autor do ataque fazia uso de entorpecentes, tinha alucinações e agiu sozinho, conforme a Polícia Civil.