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    Luciana Temer: país deve mudar mentalidade para reduzir abuso sexual infantil

    Isolamento social e fragilidade econômica devem intensificar denúncias de casos de violência sexual contra menores de idade no Brasil

    Da CNN, em São Paulo

    “A primeira coisa que falta no Brasil é uma mudança de mentalidade. Leis, nós temos. No entanto, somos o segundo país do mundo com o maior índice de exploração sexual de crianças e adolescentes. E ninguém fala a respeito disso”. A declaração foi feita à CNN nesta segunda-feira (18) pela diretora presidente do Instituto Liberta, entidade que atua no enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes, Luciana Temer.

    As denúncias de casos de violência sexual contra menores de idade pelo Disque 100 cresceram 14% entre 2018 e 2019. Esses dados foram apresentados hoje, no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. E o cenário, que já é alarmante, tende a piorar durante a pandemia do novo coronavírus.

    “Qual é o grande drama hoje desse confinamento? É que as crianças não estão indo para a escola, e a escola é um espaço importante de denúncia”, disse. “A maior parte da violência sexual contra crianças pequenas é intrafamiliar. Se é intrafamiliar, precisamos de um adulto responsável fora do ambiente familiar e esse adulto, normalmente, é o professor que olha o que está acontecendo com as crianças”, acrescentou. 

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    Segundo Luciana, a fragilidade econômica, que também deve aumentar por conta da crise, pode aumentar as ocorrências de uma outra situação igualmente grave: a da exploração de meninas e meninos. 

    “A violência sexual, tecnicamente chamada de estupro de vulnerável no Código Penal, é se relacionar sexualmente com qualquer criança de 0 a 14 anos de idade. A outra situação prevista no Código Penal é exploração sexual, que é quando o adulto paga com dinheiro ou qualquer outro bem para fazer sexo com o menor de 18 anos”, explicou.

    De acordo com Luciana, a situação de abuso não tem distinção de classe social. “O abuso é uma perversão, onde o adulto se aproveita da inocência de uma criança, que não sabe o que está acontecendo, para ter qualquer tipo de prazer sexual”. 

    Porém, as meninas e os meninos da população com menos renda estão mais sujeitos a sofrer este tipo de violência, pois têm menos pessoas olhando para elas com cuidado.

    “As meninas de uma classe social mais confortável têm uma proteção maior. Elas normalmente têm uma família mais acolhedora e [estudam] em escolas que cuidam mais”.

    Já a segunda situação, a da exploração sexual, costuma acontecer entre os mais vulneráveis. 

    Diálogo

    Segundo Luciana, violência sexual e sexualidade são temas fundamentais para serem abordados tanto na família quanto na escola.

    “A escola é um polo bem importante de resistência, repressão e prevenção da violência sexual”, afirmou.

     

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