Limpeza do sistema lagunar da cidade do Rio de Janeiro começa em dezembro
Projeto tem prazo para ser entregue em meados de 2022
O projeto de limpeza do complexo lagunar da cidade do Rio de Janeiro deve sair do papel no mês de dezembro de 2021. De acordo com a expectativa da Iguá, empresa que venceu a licitação para operar os serviços de água e esgoto do bloco 2 (Barra, Jacarepaguá, Paty do Alferes e Miguel Pereira), o programa de limpeza do sistema de lagoas tem prazo para ser entregue em meados de 2022.
Aproximadamente um milhão de cariocas dependem do sistema lagunar da cidade do Rio, composto pelas lagoas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá (Marapendi, Camorim e Jacarepaguá), na Zona Oeste da cidade.
O complexo lagunar banha 17 bairros da capital fluminense. A fauna presente no local se destaca pelas capivaras, jacarés e aves migratórias. Por conta da poluição, os peixes da região praticamente desapareceram, segundo ambientalistas.
Por causa de um compromisso contratual, a concessionária terá que desembolar R$ 250 milhões na despoluição das lagoas da Zona Oeste da cidade. A partir de dezembro deste ano, o trabalho vai começar pelo espelho d’água e a recuperação das margens da Lagoa da Tijuca, campeã de níveis de poluição na capital.
Simultaneamente, a Iguá elabora um projeto para apresentar ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) que sugere a remoção do lodo. A substância está presente no fundo das lagoas poluídas, o que dificulta a circulação da água. Entretanto, o planejamento final ainda não tem prazo para ser apresentado.
Em conversa com a CNN, o presidente da Iguá, Carlos Brandão, afirmou que, em um primeiro momento, o projeto prevê a retirada dos resíduos sólidos do complexo lagunar. Em um segundo momento, será a retirada do Iodo. É importante ressaltar que o complexo de lagoas é conhecido por ter a presença de sofás, colchões, pneus velhos e garrafas PET.
“Estamos em uma fase de projetos. O que faremos neste momento é a remoção dos resíduos sólidos e do lodo fino. Isso tende a melhorar a circulação da água do complexo lagunar”, disse Brandão. Segundo o especialista, a empresa atua em projetos complementares de melhorias no sistema de esgotamento sanitário das comunidades, que também é lançado nesses rios do complexo lagunar.
“Esses projetos conjuntamente auxiliarão tanto na remoção de esgoto que desce para o complexo lagunar como também na melhoria da qualidade de vida das comunidades. Temos três anos de execução após o licenciamento”, afirma Brandão.
Para o biólogo Mario Moscatelli, o complexo lagunar do Rio de Janeiro precisa ser revitalizado “o mais rápido possível”. E, para isso, depende dos projetos de recuperação apresentados pela concessionária, em conjunto com o poder público. No entanto, o especialista espera que as medidas sejam, de fato, colocadas em prática.
“O passo mais importante é iniciar de fato o projeto, sair dessa inércia. Até hoje tivemos muito projeto, muito estudo e nada prático. Essa revitalização foi prometida nas Olimpíadas de 2016, por exemplo. Mas nada de prático realmente aconteceu na época. A ideia da primeira iniciativa de recuperar as matas ciliares é para evitar que materiais indesejáveis cheguem à lagoa”, explicou o biólogo.
Moscatelli afirma que um trabalho eficiente de limpeza da lagoa pode render bons resultados em aproximadamente dois anos. No entanto, ele destaca que R$ 250 milhões previstos contratualmente podem não ser suficientes para finalizar toda a limpeza do sistema lagunar.
“É uma boa quantia o que foi proposto pelo contrato. Mas eu acredito não ser suficiente o valor estipulado. Para realmente finalizar o trabalho será necessário desembolsar algo entre R$ 400 e R$ 450 milhões”, finalizou.