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    Brasileiros com malas trocadas são presos na Europa

    Polícia Federal enviou inocência de casal para autoridades da Turquia em outubro, mas caso segue sem solução

    Elijonas Maiada CNN

    As autoridades da Turquia prenderam a mulher de Ahmed Hasan, de 37 anos, e levaram o líbio-brasileiro, até então em prisão domiciliar, para um presídio por suspeita de tráfico internacional de drogas.

    Em 30 de outubro, a CNN mostrou que a Polícia Federal do Brasil concluiu pela inocência do casal, que teve as etiquetas das malas trocadas por bagagens com drogas após embarque no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.

    Hasan e a família embarcaram em São Paulo no dia 22 de outubro de 2022 para Istambul, na Turquia. Depois, seguiram normalmente para a Líbia, onde moram. Já em maio deste ano, ao retornar sozinho à Turquia, Hasan foi preso acusado de tráfico.

    A mulher de Hasan saiu da Líbia para a Turquia para participar de uma audiência sobre o caso e foi presa. Ela também foi levada para um presídio, porque o Ministério Público local disse haver risco de fuga.

    A defesa do casal, feita pela advogada Luna Provázio, disse que ela foi presa mesmo tendo ido espontaneamente de um país a outro. A advogada da família também diz que eles estão sem acesso a remédios e sem visita de familiares, “pois na Turquia apenas turcos podem visitar presídios”. A defesa tenta liberdade provisória com base nos antecedentes.

    A CNN procurou a PF de São Paulo, responsável pela investigação das trocas de malas. A instituição disse que as informações que a PF dispunha foram enviadas às autoridades que as solicitaram. “Em razão do tempo decorrido entre a informação necessária para preservação das imagens (similares ao caso das presas na Alemanha) e o envio pela PF pelas autoridades turcas, não existiam mais imagens a serem rastreadas por serem apagadas”.

    O Ministério das Relações Exteriores informou que, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Istambul, tem conhecimento do caso e presta assistência consular aos nacionais brasileiros. “O Ministério mantém, igualmente, contato com o advogado da família”.

    Já o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Justiça, responsável por cooperação jurídica internacional, não respondeu sobre o caso.

    O caso

    Imagens do terminal aeroportuário obtidas pela CNN mostram a apreensão de duas bagagens com 43 kg de cocaína. Ambas foram embarcadas de Guarulhos em nome da esposa do brasileiro.

    Hasan e a família não foram presos em flagrante porque as malas com a droga só saíram quatro dias depois, de Guarulhos para a Turquia, em 26 de outubro de 2022, quando eles já haviam desembarcado. Segundo a PF, a etiqueta da mala deles foi retirada e, em vez de usar no próprio dia, a etiqueta foi guardada para usar alguns dias depois no voo onde a droga foi despachada efetivamente.

    Nas imagens do aeroporto, a PF suspeita de um ônibus de transporte de passageiros, que teria levado a droga para o avião da Turkish Airlines. Os investigadores suspeitam da movimentação desse veículo porque ele sai do aeroporto e só retorna à noite. A companhia aérea não se pronunciou desde o episódio.

    Presas na Alemanha

    Em abril, duas brasileiras de Goiânia foram presas na Alemanha por conta de troca de etiquetas em malas no aeroporto de Guarulhos. A PF descobriu o caso e enviou provas para a Justiça alemã, que concedeu liberdade a Jeanne Paolini e Kátyna Baía em um mês.

    As investigações apontam uma rede ligada a uma facção de São Paulo que usa o despacho de bagagens para envio de drogas à Europa sem conhecimento dos turistas. Ao menos dez pessoas da organização já foram presas.

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