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    Procurador que espancou chefe é atestado com esquizofrenia e não pode responder por crime, diz laudo

    Demétrius Oliveira de Macedo violentou Gabriela Samadello Monteiro, dentro da Prefeitura de Registro, em 20 junho do ano passado

    Pepita Ortega e Isabella Alonso Panho, do Estadão Conteúdo

    Os peritos do Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo (Imesc) atestaram que o procurador municipal Demétrius Oliveira de Macedo — que espancou a chefe Gabriela Samadello Monteiro dentro da Prefeitura de Registro em 20 junho do ano passado — apresenta quadro de esquizofrenia paranoide.

    De acordo com o laudo, o procurador é considerado inimputável — ou seja, não pode ser responsabilizado pelo crime cometido. Os médicos responsáveis pela avaliação recomendam que ele seja internado por, no mínimo, três anos.

    Segundo o laudo de 17 páginas subscrito pelos peritos Luiz Felipe Rigonatti, Patricia A. P. Cardoso e Elcio Rodrigues da Silva, a doença psiquiátrica que acomete o procurador “prejudica sua capacidade crítica e pragmatismo”.

    “Tais sintomas que estavam presentes à época dos fatos permitem concluir que a capacidade de entendimento encontrava-se prejudicada, enquanto a capacidade de determinação restava abolida”, registra o texto.

    O documento elaborado a pedido do juízo da 1ª Vara Judicial de Registro, no Vale do Ribeira, 190 quilômetros da capital paulista, foi juntado na terça-feira (14) ao processo a que o procurador responde por tentativa de feminicídio. A perícia foi realizada no dia 12 de dezembro do ano passado.

    As agressões cometidas por Demétrius se deram no dia 20 de junho do ano passado e foram registradas em vídeo. Ele derruba a procuradora-geral de Registro, dá socos e pontapés nela e ainda a chama de “vagabunda” e “p***”. Outras servidoras tentaram conter o procurador. Uma delas acabou empurrada com violência contra uma porta.

    Demétrius foi preso dias depois, localizado em uma clínica de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. No mesmo dia, ele foi denunciado pelo Ministério Público por tentativa de feminicídio, injúria e coação no curso do processo.

    Os promotores de Justiça Ronaldo Pereira Muniz e Daniel Porto Godinho da Silva narraram que o procurador, com “evidente intento homicida, tentou matar” Gabriela, “por intermédio de violentos golpes desferidos principalmente contra a cabeça” da chefe, “apenas não se consumando o delito por circunstâncias alheias à vontade do agente”.

    Aos médicos responsáveis pelo laudo psiquiátrico, Demétrius comentou sobre o dia do crime. Segundo ele, na ocasião, Gabriela estava conversando com um outro servidor, “dizendo para prestar outros concursos”. O procurador disse ter achado ‘que a conversa era para ele, que ele não era bem-vindo no ambiente’.

    “Então sentiu muita raiva e a agrediu”, descreve o laudo. “Uma outra funcionária os separou, mas ainda estava com muita raiva, se desvencilhou e a agrediu de novo. Parou de a agredir sozinho, não sabe o motivo. Começou a dizer palavrões.”

    “Acredita que estava sendo vítima de assédio moral. Já tinha feito denúncia ao prefeito, que não tomou nenhuma atitude. A noiva dizia para ele se concentrar no trabalho. Achou que a agressão seria uma forma de resolver o problema. Acredita que agiu de forma instintiva para se defender”, diz o laudo.

    O procurador ainda disse aos médicos que agora “entende que foi um equívoco’, ‘mas não sente que deveria estar em tratamento médico, hoje ou à época”. Atualmente, o procurador está custodiado no Centro de Detenção Provisória de Taiúva, no interior de São Paulo. Lá faz uso de medicações diariamente. Aos peritos que o avaliaram, o procurador disse “não ter nenhum transtorno mental”.

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