Justiça determina transferência de Cabral e 5 PMs para Bangu
Corregedoria da Polícia Militar vai investigar regalias dentro do Batalhão Prisional de Niterói
Pedro DuranBeatriz Puenteda CNN , no Rio de Janeiro
O corregedor do sistema prisional do Rio de Janeiro no Tribunal de Justiça (TJ), Bruno Monteiro Rulière, determinou a transferência do ex-governador Sérgio Cabral e outros cinco policiais militares que estão presos no Batalhão Prisional de Niterói, o BEP.
A unidade, que é administrada pela Polícia Militar (PM), teve duas vistorias nos últimos dias, onde foram apreendidos sete celulares, televisores, cigarros de maconha, testosterona injetável, entregas de restaurante, roupas de grife e quantias em dinheiro.
No despacho desta terça-feira (3), o juiz ainda determina que os presos fiquem em galerias próprias, separados dos outros detentos da unidade. Eles irão para a Penitenciária Laercio da Costa Pelegrino, a unidade de Bangu 1, no Complexo de Gericinó.
O local é uma das unidades com as restrições mais rigorosas do estado, onde estão presos líderes de facções, assassinos e ladrões de banco.
O documento de 27 páginas relata as regalias encontradas no presídio, como os sete aparelhos de telefone celular, alguns escondidos em fundos falsos de gavetas que foram localizados em várias celas, incluindo a de Cabral.
O juiz ainda pediu que a Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público quebre o sigilo dos celulares apreendidos, especialmente no que se refere a diálogos de WhatsApp, pra tentar encontrar outras irregularidades e crimes praticados.
A defesa de Cabral disse à CNN que quer tentar reverter a transferência determinada pelo corregedor dos presídios. O advogado de Cabral, Daniel Bialski, afirmou que um recurso será feito para que ele não fique na penitenciária de segurança máxima.
Corregedoria da PM é acionada
À CNN, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse que determinou uma investigação por parte da Corregedoria da Polícia Militar sobre as regalias no BEP e ainda fez uma “cobrança dura” ao secretário da PM sobre o que foi descoberto no local.
“Eu fiz a cobrança que tinha que ser feita. A corregedoria da Polícia Militar já foi acionada para que nós possamos esclarecer e punir os possíveis culpados. Não tem que ter benefício e também não tem que ter um ambiente hostil. A pessoa tem que ter um ambiente digno pra cumprir a sua pena e se recuperar, que é o que a gente deseja pra toda nossa população carcerária”, afirmou Castro.
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, por determinação do comando da Unidade Prisional da Corporação (UP/PMERJ), todas as decisões da Vara de Execuções Penais estão sendo rigorosamente cumpridas.
Como parte desses procedimentos, afirmam que seis acautelados, entre os quais cinco oficiais, já respondem a processos administrativos disciplinares e tiveram, preventivamente, o direito a visitas suspenso.
A defesa de Cabral cita reportagem do Fantástico, da TV Globo, que revelou as primeiras irregularidades nesse domingo (1°).
Os advogados afirmam que ela “retrata uma perseguição infundada, uma vez que nada foi encontrado na cela do ex-governador que, inclusive, não responde a nenhum PAD (Procedimento Administrativo Disciplinar)”.
“A defesa irá reagir de forma enérgica para impedir mais esta barbárie.” A nota é assinada pela advogada Patrícia Proetti.