Jovem eletrocutado no Rio: vídeos mostram fiação elétrica exposta à chuva
Testemunha revela como foi o momento em que o João Vinícius recebeu a descarga elétrica; polícia segue investigando o caso
Imagens cedidas por testemunhas à família de João Vinícius Ferreira Simões, de 25 anos, morto após ser eletrocutado durante um festival de música, mostram que, durante o temporal na noite de sábado (9), a fiação elétrica da praça de alimentação montada na área externa do Riocentro para abrigar os food trucks ficou exposta em meio à água
Simões morreu na madrugada de domingo (10) após levar um choque durante o festival I Wanna Be Tour. Ele recebeu a descarga elétrica ao encostar em um food truck.
Nos vídeos, um dos frequentadores do evento mostra que, após o estudante de educação física ser socorrido, a área de alimentação foi interditada e os shows continuaram.
“Absurdo: o cara tomou um choque ali, foi embora de ambulância e começou o show do Simple Plan. Isso é absurdo! É absurdo!”, afirmou o rapaz na gravação.
Segundo testemunhas, o jovem morreu depois de encostar em um food truck na praça de alimentação do evento e receber uma descarga elétrica. No IML, informaram à mãe do rapaz que João tinha a marca de um condutor elétrico nas costas, que confirmaria o contato.
Juliana Oliveira, 23 anos, estava ao lado de João quando ele recebeu a descarga. Ela conta que momentos antes também levou um choque no food truck, mas com menor intensidade.
“A gente estava conversando e o João falou que ia levantar pra poder sair dali. Que ele ia tentar falar com alguém, ir pra um lugar um pouco melhor, mais coberto, e tudo mais. Ele foi tentar levantar e meio que se desequilibrou e encostou com o braço”, conta.
“Nisso que ele encostou com o braço, o braço todo molhado, eu vi que ele tomou uma descarga muito maior. E eu fui tentar falar alguma coisa pra, tipo, tomar cuidado. Ele já tinha tomado o primeiro choque que o fez cair. E nisso que ele caiu, ele ficou. Caiu de costas pra mim. Eu fui tentar pôr a mão nele, só que nisso que eu fui tentar pôr a mão nele, o ombro dele, como ele estava de costas pra mim, o ombro dele encostou no trailer.”
“Eu vi que estava encostado no trailer, se eu encostasse nele eu também tomaria a descarga elétrica. Vi que a mão dele entortou, ficou torta, ele ficou todo torto”, relatou a jovem, que mora em Cabo Frio mas pretende prestar depoimento.
Juliana contou ainda que ficou com medo de encostar na vítima e chegou a gritar para desligarem o disjuntor do food truck. “Quando desligaram eu vi como estava o estado dele: com a língua roxa, o olho dele estava já ficando sem brilho, e mais gente tentou pôr a mão nele, e foi quando o cara começou a fazer massagem cardíaca nele”, lembrou a jovem.
Segundo a família, cinco testemunhas foram até a Delegacia da Taquara (32ª DP) nesta quinta-feira (14), mas somente duas foram ouvidas. A alegação para dispensar as demais, de acordo com a mãe do rapaz, Roberta Ferreira, era de que os fatos narrados eram muito repetitivos e que seriam necessários elementos novos para contribuir com as investigações.
A Polícia Civil teve dificuldade para fazer a perícia, uma vez que o local não foi preservado. Em uma análise complementar no Riocentro, na zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã de terça-feira (12), os peritos vistoriaram o food truck onde um jovem teria sido eletrocutado. O caminhão havia sido retirado do local em que o acidente aconteceu e estava vazio.
O Riocentro informou que apenas alugou o espaço para a realização do festival. A CNN entrou em contato com a 30e, responsável pela organização, mas não teve retorno. A única manifestação da produtora foi pelas redes sociais. Os organizadores disseram que todos os esforços foram empenhados pelas equipes médicas do evento e que lamenta profundamente o ocorrido, que está sendo apurado juntamente às autoridades.