Jogo do Bicho está em qualquer parte do Rio de Janeiro, diz especialista
Michel Misse, especialista na prática irregular, conversou com à CNN sobre prisão de bicheiro Rogério de Andrade
O professor Michel Misse, especialista em jogo do bicho, conversou com à CNN sobre a prisão de Rogério de Andrade, o maior bicheiro do Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (29).
O contraventor foi detido pela Polícia Civil do RJ nesta manhã em sua casa na Barra da Tijuca. Ele é acusado de mandar matar seu ex-cunhado, Fernando Iggnácio, que foi morto em novembro de 2020.
O especialista diz que Rogério lidera a prática que está presente em toda a cidade do Rio de Janeiro. “Em qualquer parte da cidade você encontra apontadores do jogo do bicho”, afirma.
Misse explica que a contravenção ficou mais forte nos últimos anos, principalmente por causa de novos investimentos além do próprio jogo do bicho.
“De um certo modo é mais forte. Tem toda a área de caça-níqueis, games (jogos) ilegais, cassinos ilegais… tem um investimento muito grande em outras atividades. O bicho continua”, ressalta.
Ele ainda fala que, mesmo com a entrada das outras atividades, a prática ainda permanece forte na capital carioca.
“Não houve nenhuma redução do jogo do bicho propriamente dito. A competição com outras loterias certamente prejudicou um pouco, mas ele ainda mantém sua tradição de uma centena de anos”, completa.
Saiba quem é o bicheiro Rogério de Andrade aqui.
Michel Misse é coordenador do Núcleo de Estudos em Cidadania, Conflito e Violência Urbana (Necvu) e fundador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O especialista possui dezenas de livros sobre a violência urbana e a presença de mercados ilegais no Rio.
Prisão de Rogério de Andrade
O bicheiro Rogério de Andrade foi preso no Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (29).
O contraventor foi detido por agentes do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAECO/MPRJ), durante a operação “Último Ato”.
A prisão ocorre na investigação do homicídio de Fernando Iggnácio, ocorrido em novembro de 2020, no estacionamento de um heliponto no Recreio dos Bandeirantes.
Segundo denúncia do MPRJ, Rogério e a vítima de homicídio são, respectivamente, genro e sobrinho de Castor de Andrade, conhecido contraventor já falecido.
Rogério de Andrade havia sido denunciado pelo mesmo crime em 2021. Em fevereiro de 2022, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu trancar a ação por falta de provas.
Uma nova investigação foi iniciada e novos indícios foram colhidos, segundo o MPRJ.
“O GAECO/MPRJ identificou não só sucessivas execuções protagonizadas pela disputa entre os contraventores Fernando Iggnácio e Rogério de Andrade, mas também a participação de outra pessoa no homicídio de Fernando. Segundo a denúncia do GAECO/MPRJ, Gilmar Eneas Lisboa foi o responsável por monitorar a vítima até o momento do crime”.
Gilmar Lisboa foi preso também foi preso na operação desta manhã. Ele foi surpreendido pelos agentes enquanto dormia na sua casa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.