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    Investigado pela morte de Marielle, Ronnie Lessa irá a júri popular por duplo homicídio cometido em 2014

    Lessa é apontado como um dos autores dos disparos em duplo homicídio do ex-policial André Henrique da Silva Souza, conhecido como André “Zóio”, e da namorada dele, Juliana Sales de Oliveira

    Bruno Laforéda CNN

    em São Paulo

    A Justiça do Rio de Janeiro determinou que o ex-policial militar Ronnie Lessa e o ex-vereador do Rio de Janeiro Cristiano Girão devem ir a júri popular no caso em que respondem pelo duplo homicídio do ex-policial André Henrique da Silva Souza, conhecido como André “Zóio”, e da namorada dele, Juliana Sales de Oliveira. O crime aconteceu em junho de 2014 na Zona Oeste da capital fluminense.

    A decisão foi proferida pelo juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira no sábado (3).

    Neste caso, Lessa é apontado como um dos autores dos disparos. Girão, segundo a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro, seria o mandante do crime. De acordo com as investigações, André “Zóio” estaria ameaçando a liderança do ex-vereador na milícia atuante na Gardênia Azul, bairro da Zona Oeste do Rio.

    Os réus tiveram a prisão preventiva decretada por este crime no dia 29 de julho de 2021. A decisão foi mantida em audiência de custódia realizada no dia 31 de julho de 2021.

    De acordo com uma testemunha do crime ouvida nos autos, no dia 14 de junho de 2014, um carro fechou o veículo onde estavam as vítimas. Lessa desceu do automóvel, caminhou em direção aos alvos e atirou contra o casal. Ele estava acompanhado de um homem encapuzado que efetuou mais disparos.

    A testemunha relatou ainda que, na época, alguns homens da comunidade aproveitavam que Cristiano Girão estava preso para tentar tomar o controle das milícias da Gardênia Azul. Ela se recorda que André “Zóio” estava cobrando aluguéis de Girão dentro da comunidade e que acredita que este tenha sido o motivo do acerto de contas.

    Ronnie Lessa é um dos investigados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, no centro do Rio de Janeiro, em 14 de março de 2018.

    A investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro aponta que um veículo dirigido pelo ex-policial militar Élcio de Queiroz emparelhou com o carro da parlamentar. De dentro do veículo, o sargento reformado da Polícia Militar, Ronnie Lessa, teria atirado ao menos 13 vezes contra o grupo. A vereadora, que estava no banco traseiro, foi alvejada quatro vezes na cabeça enquanto Anderson levou três tiros nas costas.

    Durante as investigações do assassinato de Marielle e de Anderson, os policiais descobriram novos indícios da atuação de Ronnie Lessa nas mortes de André “Zóio” e de Juliana.

    Na sentença de sábado (3), o juiz destacou o depoimento do delegado da Polícia Federal Marcelo Pasqualeti, que indica que a suspeita de participação do ex-policial neste caso de duplo homicídio foi fortalecida durante as investigações do assassinato de Marielle e de seu motorista.

    “Após o homicídio da vereadora Marielle Franco, em março de 2018, a Polícia Federal estabeleceu um convênio com o Gaeco do MPRJ e as instituições passaram a trabalhar em conjunto. Uma das informações que surgiu acerca do Ronnie Lessa durante as investigações do homicídio da Marielle era no sentido de que ele teria sido contratado como assassino de aluguel por Cristiano Girão, miliciano da Gardênia Azul, para matar seus desafetos, de modo que pudesse manter o controle da região enquanto estava preso em presídio federal à época”, afirmou o delegado.

    Neste mesmo sentido, o delegado da polícia civil do Rio de Janeiro Daniel Freitas da Rosa afirmou em trecho destacado na decisão judicial:

    “Durante a investigação do homicídio de Marielle Franco recebemos na DH Capital a informação de que Cristiano Girão teria contratado Ronnie Lessa, no ano de 2014, para matar André, vulgo Zóio, e sua namorada Juliana. Enquanto Girão estava preso, Zóio se apossou da Gardênia Azul, passando a extorquir moradores e recebendo os valores antes auferidos por Girão.”

    Bruno Castro, advogado de defesa de Ronnie Lessa, disse à CNN que não foi ouvida nenhuma testemunha que tivesse presenciado os fatos pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa na audiência.

    Além disso, afirmou que seu cliente irá a júri “com base em meros boatos”. A defesa do ex-PM pretende recorrer da decisão.

    A defesa de Cristiano Girão já entrou com pedido de habeas corpus em favor de seu cliente, referente a este caso de duplo homicídio, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ambas as cortes mantiveram a prisão do réu. Ele está preso desde 2009 por chefiar a milícia de Gardênia Azul.

    A CNN entrou em contato com o advogado do ex-vereador, mas não obteve retorno até o momento.