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    Iniciativa evita despejo de mais de 40 milhões de quilos de plástico em oceanos

    Somente no Brasil, a ação desenvolvida pela Plastic Bank já encaminhou quase dois milhões de quilos de plástico para reciclagem

    Garrafa de plástico descartada no mar
    Garrafa de plástico descartada no mar Foto: Brian Yurasits/Unsplash

    Iuri Corsinida CNN

    no Rio de Janeiro

    Um dos principais e já conhecidos vilões dos oceanos é o despejo de lixo em suas águas. A maior parte desse lixo é composta de resíduos plásticos que correspondem, segundo relatório da ONU, a 85% dos dejetos que vão parar nos mares de todo o planeta.

    Uma iniciativa de uma empresa social canadense, em parceria com mais de 200 empresas globais, a Plastic Bank, vem tentando unir esforços para reduzir os impactos dessa alta incidência de despejo plástico nos oceanos.

    Desde sua fundação, em 2013, a companhia coletou mais de 40 milhões de quilos de resíduos plásticos antes que estes fossem despejados nos oceanos.

    Todo esse volume recolhido, que é equivalente a cerca de 2 bilhões de garrafas PET, é encaminhado para reciclagem. Do volume total coletado, quase dois milhões de quilos são resultantes da operação no Brasil, o que equivale a 97 milhões de garrafas plásticas.

    Somente em 2021 foram coletados mais de um milhão de quilos de resíduos plásticos no Brasil. A previsão para este ano é que a coleta triplique e que sejam, no mínimo, três milhões de quilos de material reciclado.

    São 30 mil coletores atuando na preservação dos oceanos e 520 pontos de coleta ao redor do mundo, em países como Brasil, Egito, Filipinas e Indonésia.

    O objetivo da empresa é construir ecossistemas éticos de reciclagem e reprocessar os materiais para reintroduzi-los na cadeia de fornecimento para manufatura, a chamada economia circular.

    Para isso, a empresa estrutura pontos de coleta seletiva e integra os coletores em um programa que oferece remuneração extra pelo volume de plástico arrecadado.

    Segundo a diretora da Plastic Bank no Brasil, Helena Pavese, são mais de 10.800 pessoas impactadas pelo programa e 2.700 coletores cadastrados apenas no Brasil. A nível global, são mais de 150 mil pessoas que se beneficiam com essa cadeia produtiva de coleta e reciclagem.

    O coletor interessado em participar da iniciativa recolhe o plástico em um raio de até 50 quilômetros de zonas costeiras e leva o material para algum ponto de coleta cadastrado (seja uma cooperativa de reciclagem ou até mesmo um ferro velho).

    Ao efetuar a venda nestes locais, a Plastic Bank monitora todo o processo desde a coleta até a venda, através de um aplicativo próprio. Ao final do mês, cada catador recebe um bônus de 35 centavos sobre cada venda feita em um dos locais registrados.

    Segundo Pavese, os benefícios deste programa não se resumem somente à proteção ambiental, mas é um efeito em cadeia que impacta uma série de pessoas.

    “Transformamos algo que para muitos é considerado como lixo, em algo com um valor monetário. Além desse material ser reintroduzido na cadeia de compra e venda de plástico, ele adquire um valor agregado: valor social, ambiental e econômico. Previne a poluição nos oceanos, contribui para fortalecer as comunidades costeiras e gera um impacto econômico nessas comunidades e em seu entorno com a economia gerada nessas localidades”, pontuou a diretora da iniciativa no Brasil, que ainda complementa:

    “Através deste trabalho conseguimos de fato mudar a vida das pessoas. Pessoas que vivem em condições bastante vulneráveis e fazem da reciclagem seu sustento, com uma contribuição ambiental e social muito grande. Esses trabalhadores têm conseguido aumentar de 40% a 100% suas rendas”.

    Quando os materiais chegam na cadeia final de reciclagem, são transformados em resina – um plástico reciclado com valor agregado social.

    Essa resina, esse plástico, é vendido para grandes empresas que utilizam o material para fazerem embalagens destes produtos com a marca ‘Plástico Social’.

    Atualmente no Brasil, a iniciativa ocorre principalmente no Rio de Janeiro, mas já se expandiu para os estados de São Paulo e Espírito Santo.

    A intenção é que ainda neste ano os estados do Sul e do Nordeste possam contar com o programa de coleta e reciclagem.

    Prejuízos do despejo de plástico nos oceanos

    Segundo uma análise do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) o volume de plástico nos mares pode triplicar até 2040, com quantidade anual entre 23 e 37 milhões de toneladas.

    O que significa cerca de 50 kg de plástico por metro de costa em todo o mundo. A estimativa é de que haja cerca de 14 milhões de toneladas de microplásticos no fundo do mar.

    As estimativas do PNUMA ainda apontam que os prejuízos com o despejo destes resíduos nos oceanos no turismo, pesca, aquicultura e outras atividades relacionadas atingiu entre US$ 6 a US$ 19 bilhões, em 2018.

    Em 2016, cientistas no Fórum Econômico Mundial de Davos divulgaram um estudo projetando que, caso não houvesse uma mudança drástica na situação dos despejos de detritos plásticos nos mares, até 2050 haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. De lá para cá, nada mudou.