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    Indigenista desaparecido alertou em dezembro sobre intensificação de invasões

    "Nunca vi uma situação tão difícil", afirmou o indigenista em dezembro de 2021

    Dom Phillips, jornalista britânico do The Guardian, e o indigenista Bruno Araújo Pereira (chapéu)
    Dom Phillips, jornalista britânico do The Guardian, e o indigenista Bruno Araújo Pereira (chapéu) Divulgação/Acervo Pessoal

    Nathallia FonsecaLudmila Candalda CNN

    São Paulo

    O indigenista Bruno Pereira, desaparecido desde domingo (5) na Terra Indígena do Vale do Javari, no Amazonas, alertou em dezembro de 2021 sobre a “quantidade de invasões” na região.

    “Trabalho lá há 11 anos e nunca vi uma situação tão difícil. Os indígenas dizem que hoje a quantidade de invasões é comparável à do período anterior à demarcação. Por isso, é absolutamente necessário que os indígenas busquem suas formas de organização, montando um esquema de monitoramento capaz de frear conflitos violentos”, disse o profissional ao WWF-Brasil, no dia 10 de dezembro do ano passado.

    A Terra Indígena Vale do Javari, onde Pereira e o correspondente do jornal “The Guardian” Dom Phillips despareceram, concentra o maior número de povos isolados do mundo. De acordo com a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), os profissionais seguiam para uma região conhecida como Lago do Jaburu para entrevistar indígenas.

    Em entrevista à CNN, a auxiliar de coordenação da Univaja, Soraya Zaiden, afirmou na terça-feira (7) que não considera a possibilidade de que os dois tenham se perdido na região. Para Soraya, a equipe pode ter sofrido algum ato de violência.

    “Nós nem consideramos essa possibilidade. O Bruno conhece muito bem a região, conhece muitíssimo bem. E ele já trabalhou ali por vários anos. O Dom já participou de algumas expedições que Bruno coordenou, principalmente no período que ele estava na Funai. Então não se cogita, essa possibilidade não existe”, disse.

    Leia abaixo a nota do Itamaraty sobre o desaparecimento

    "Desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips na Amazônia

    O Governo brasileiro tomou conhecimento, com grande preocupação, da notícia de que o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira estão desaparecidos na região do Vale do Javari, na Amazônia.

    Mobilizado desde logo, o Departamento de Polícia Federal (PF) está atuando naquela região e tomando todas as providências para localizá-los o mais rápido possível. A PF fez repetidas incursões e tem contado com o apoio da Marinha do Brasil, que se somou aos esforços nos trabalhos de buscas de ambos os cidadãos.

    O Governo brasileiro seguirá acompanhando as buscas com o zelo que o caso demanda e envidando os esforços necessários para encontrar prontamente o profissional da imprensa britânica e o servidor da Fundação Nacional do Índio.

    Na hipótese de o desaparecimento ter sido causado por atividade criminosa, todas as providências serão tomadas para levar os perpetradores à Justiça.

    Os familiares e colegas de trabalho dos desaparecidos serão mantidos a par do progresso das buscas."

    Nota da Polícia Federal

    "A Polícia Federal informa que desde que tomou conhecimento do desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, vem realizando medidas investigativas e de inteligência policial visando o esclarecimento dos fatos e a resolução do caso.

    Na data de ontem, 06/06/2022, com o apoio da Marinha, foram realizadas incursões na calha do Rio Itaquaí, mais precisamente no trecho compreendido entre a frente de proteção etnoambiental itui-itauqai e o município de Atalaia do Norte/AM, região noroeste do Amazonas.

    Das diligências efetuadas foi possível identificar 02 (duas) pessoas que tiveram contato com os desaparecidos, as quais foram encaminhadas à Polícia Civil de Atalaia do Norte para prestar esclarecimentos. Porém, nenhuma delas foi presa.

    No início da manhã de hoje, 07/06/2022, as buscas foram retomadas pela Marinha e a Polícia Federal, com novas incursões no rio e com o apoio de helicóptero sobrevoando a região.

    Com a evolução do caso novas informações serão divulgadas."

     

    *Com informações de Vianey Bentes, André Rosa e Carolina Farias