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    Homem trabalhava com o pai quando foi baleado pela PM em São Vicente, dizem testemunhas

    Testemunhas relatam que primeiro disparo aconteceu pelo fato da vítima se recursar colocar as mãos sobre a cabeça

    Marcos GuedesPedro OsorioRenan Fiuzada CNN , São Paulo

    O funcionário que presta serviços para a prefeitura de São Vicente, Ruan Ribeiro Araújo, de 27 anos, baleado nesta tarde, no bairro do Bitaru, estava em horário de trabalho e realizava serviços de zeladoria, quando foi atingido por dois disparos realizados por policiais militares, segundo testemunhas.

    A CNN conversou com familiares da vítima, que relataram que tudo aconteceu quando policiais militares faziam patrulhamento na rua Professor Carlos Araújo dos Santos e pediram para o jovem colocar as mãos sobre a cabeça, o que teria sido recusado.

    De acordo com os relatos, Ruan ofereceu fornecer seus documentos aos policiais, mas questionou a necessidade de ser tratado como suspeito, uma vez que estava exercendo suas funções profissionais.

    As imagens às quais a reportagem teve acesso confirmam a versão das testemunhas e revelam que o policial atirou pela primeira vez na perna de Ruan apenas por ele se recusar a por as mãos na cabeça.

    Na sequência dos fatos, o pai do jovem, identificado como Ricardo Antonio Gonçalves, de 67 anos, que é coordenador do projeto que faz a zeladoria na cidade, tenta conter o policial, que o empurra. Na ação, Gonçalves chega a cair no chão. 

    Segundo disparo

    Após alguns minutos, o policial vai até o rapaz baleado e tenta segurá-lo. Nas imagens, é possível perceber que a vítima tenta sentar em uma cadeira e chega a pedir para o policial se afastar. O policial então tenta agarrá-lo, quando o pai age para proteger o filho.

    Na sequência, durante a confusão, ao perceber que o policial aponta a arma para o pai, Ruan reage e parte para cima do PM, que efetua o segundo disparo contra ele, agora acertando a região do tórax.

    Com o segundo tiro, o rapaz cai no chão, sangrando, e outras pessoas tentam ajudá-lo. Em uma das gravações, uma mulher chora assustada enquanto registra as imagens. Uma terceira agente, armada, se aproxima do grupo e tenta apaziguar a situação.

    Até a publicação dessa reportagem, não havia a confirmação de que Ruan havia passado por procedimentos cirúrgicos. Ele foi socorrido no Hospital do Vicentino (HDV), onde chegou  consciente.

    “Foi uma abordagem de intimidação, aliada à humilhação”

    Ruan e Ricardo
    Ruan e Ricardo / Reprodução

    Em entrevista concedida à CNN, o pai do jovem também relatou que o filho foi atingido por um soco antes de ser baleado pela primeira vez e destacou que estava trabalhando, que respeita o trabalho da polícia, mas que sentiu a tentativa de intimidação, aliada à humilhação praticada pelos agentes. 

    Gonçalves falou que os policiais se aproximaram para fazer a abordagem contra o filho dele, enquanto trabalhava com ao menos outras 15 pessoas. “Não gostaram da cara dele e pediram para ele colocar a mão na cabeça”, relata. 

    Sobre o ocorrido, o pai do jovem relatou que compreende o trabalho da Polícia MIlitar, que faz a operação Escudo na Baixada Santista, mas destacou que é necessária mais qualificação nos trabalhos. 

     “Aqui tem muita gente do bem, que é trabalhador e que não compactua com o crime”, finaliza. 

    Outro lado

    Por nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a “referida ocorrência não tem relação com a operação de combate ao crime organizado que está em curso na Baixada Santista”. A pasta também informou que a Polícia Militar instaurou um inquérito para apurar o caso.

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