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    Homem é espancado por PMs em SP e testemunhas gravam parte das agressões

    Caso ocorreu na cidade de José Bonifácio, no interior do Estado. Antes de registrar ocorrência, policiais levaram a vítima para limpar ferimentos em ambulatório médico

    Tenente Iuri chuta vítima
    Tenente Iuri chuta vítima Reprodução / Redes Sociais

    Marcos Guedesda CNN

    São Paulo

    Deijair Paulino da Silva, de 25 anos, foi brutalmente espancado pelo tenente da Polícia Militar Iuri Filipe dos Santos e pelo sargento Marcelo Vitor da Silva no último dia 7 de maio, na cidade de José Bonifácio, no interior de São Paulo. As imagens das agressões circulam nas redes sociais desde a tarde desta quarta-feira (8).

    Em depoimento à polícia, a vítima relatou que antes do registro da ocorrência na delegacia da cidade, os policiais foram até um ambulatório médico e pediram que a atendente fizesse uma “maquiagem” para disfarçar os ferimentos. No local, ele não teria recebido cuidados médicos e só teve os ferimentos lavados com soro fisiológico.

    O advogado Ruy Arruda, que atua de forma voluntária em defesa de vítimas de agressões de policiais e de grupos minorizados, comentou o caso e disse que ao levar Deijair para um local onde os ferimentos foram apenas disfarçados, os policiais podem ter cometido fraude processual.

    “O que mais nos deixa indignado foi o atrevimento dos policiais de levarem a vítima do abuso a uma unidade de saúde, não permitir que ele fosse socorrido. Exigiram que limpassem o rapaz para que não aparentasse ter sido agredido. Além disso ser uma vergonha é fraude processual. É fazendo um crime para esconder o outro crime”, explica.

    A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a abordagem aconteceu devido à suspeita de um roubo ocorrido na cidade. A CNN teve acesso ao registro da ocorrência mencionada, e apurou que a vítima do roubo não reconheceu Deijair.

    A pasta complementou informando que não compactua com a conduta dos agentes, que um inquérito militar foi instaurado para apurar os fatos e que os policiais estão afastados do serviço operacional.

     

    Primeira abordagem e truculência

    Deijair relatou em depoimento à polícia que as agressões filmadas foram apenas uma parte do que ocorreu naquela tarde.

    Ele explicou que após sair de uma entrevista de emprego, parou em uma loja de conveniência da cidade, onde foi abordado pelos policiais militares, que exigiram que ele desbloqueasse seu celular. Ao se recusar, os policiais agiram de forma violenta.

    Sargento Marcelo antes do registro da ocorrência / Reprodução / Redes Sociais

    Sentindo-se ameaçado, Deijair tentou fugir, mas foi alcançado em uma área de matagal, onde se rendeu. Mesmo assim, o sargento o derrubou no chão, aplicou um chute na boca e continuou agredindo-o antes de estrangulá-lo.

    Mais agressões e ameaças

    Logo depois de ser alcançado e agredido pelos policiais, Deijair foi levado para uma rua próxima, onde foi encostado na parede de uma casa. No local, as agressões continuaram e foram gravadas.

    As imagens mostram o sargento Marcelo Vitor apertando Deijair contra a parede e apontando para a identificação dele.

    “Eu não sou de Bonifácio não, viu filha da puta. Continua dando uma de louco. Não te matei de dó”, ameaçou o policial.

    A vítima tenta explicar que está “de boa” e sugere aos policiais que conversem com calma. Mas o policial retruca “Eu quebro essa cadeira na sua cabeça”.

    Neste momento, as agressões tomam outra proporção. O tenente Iuri Filipe chega com uma viatura em alta velocidade e ao descer parte pra cima da vítima dando um chute violento.

    Deijair cai depois do chute e tenta se levantar, quando o policial aplica mais um golpe no pescoço e o derruba no chão novamente, onde mais agressões são feitas.

    Ruy Arruda explica que o espancamento aconteceu porque o policial militar exigiu que ele liberasse o celular. “Tudo aconteceu porque a vítima quis exercer o seu direito constitucional de não abrir a sua intimidade durante uma abordagem”, finalizou.