Há crise de gestão ‘na cabeça’ do SUS, diz Gilmar Mendes
"Certamente nós vamos ter que analisar responsabilidades nesse contexto muito confuso em que nós estamos inseridos", disse o ministro
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou nesta quinta-feira (30) haver uma crise de gestão “na cabeça” do Sistema Único de Saúde e que terá de haver um debate após a pandemia da Covid-19 sobre a sustentação desse sistema de saúde.
“Há um consenso entre as pessoas que o SUS tem sido um grande e importante ativo. Sem dúvida é um experimento institucional que deu certo. É claro que vamos ter que debater no pós-covid-19 a sustentação desse sistema de saúde. E claro estamos vivendo também crises de gestão muito graves na cabeça do próprio sistema, mas esse debate é importante”, disse Gilmar em uma transmissão online.
Gilmar também disse que “certamente nós vamos ter que analisar responsabilidades nesse contexto muito confuso em que nós estamos inseridos”. “Estamos nos avizinhando dessa marca bastante triste, e eu diria até mesmo macabra de, 90 mil mortos causadas pela covid-19. Acho que isso por si só fala da gravidade da pandemia”, afirmou.
“Há um consenso entre os especialistas que nós poderíamos ter tido um outro manejo dessa crise, que talvez pudéssemos ter reduzido significativamente os danos causados por essa pandemia entre nós. Estamos disputando, de fato, um campeonato com os Estados Unidos em quem tem mais número de mortes, e certamente é um campeonato que não se quer e nem se pode ganhar. Acho isso bastante sério e espero que tiremos aprendizado disso”, afrmou.
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No dia 11 de julho, o ministro Gillmar Mendes criticou a militarização do Ministério da Saúde e o desempenho do governo de Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia do coronavírus. Gilmar Mendes disse que há um “vazio” de comando no Ministério da Saúde e que o Exército estaria se associando a um “genocídio”.
“Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas”, criticou, ao participar de um debate online promovido pela revista IstoÉ e pelo Instituto Brasiliense de Direito Público.
“É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso por fim a isso”, disse ainda Mendes, na ocasião. A pedido do Ministério da Defesa, a Procuradoria-Geral da República abriu um procedimento para apurar a declaração do ministro. Em nota, Gilmar disse que respeita as Forças Armadas e que a crítica foi ao emprego de militares na Saúde.