‘Fundo Fake’: PF apura desvio de verbas em institutos de previdência
Estima-se que o prejuízo causado seja de aproximadamente R$ 17,4 milhões apenas para os cofres do Rolim Previ, de Rondônia
A Polícia Federal cumpre 70 mandados de busca e apreensão em endereços em Rondônia, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Minas Gerais nesta quarta-feira (15). A Operação Fundo Fake investiga desvios de verbas públicas em regimes de previdência municipais de Rondônia.
No Rio de Janeiro, os 26 mandados estão sendo cumpridos em empresas da zona sul, oeste e centro da cidade. Entre os 16 endereços alvos – residenciais e comerciais -, estão áreas nobres como Copacabana, Leblon e Barra da Tijuca. Comboios deixaram a sede da corporação, no centro da capital fluminense, por volta das 6h.
Em São Paulo, são cumpridos 26 mandados de busca em 9 endereços; em Minas Gerais, são 9 mandados em 2 endereços. Ainda há 5 mandados cumpridos em Goiás e 4 em Rolim de Moura, em Rondônia. Segundo a PF rondoniense, muitas empresas funcionam nos mesmos locais.
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Organização criminosa
Segundo a Polícia Federal de Rondônia, as investigações apontaram indícios de uma organização criminosa que atuava com o objetivo de lesar os cofres dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) municipais.
O instituto de previdência da cidade de Rolim de Moura – Rolim Previ – contratou por vários anos uma empresa de consultoria financeira para que ela indicasse as melhores aplicações financeiras para o Fundo.
Os policiais verificaram que, após os investimentos, “boa parte do valor era repassada rapidamente para a consultoria e seus sócios”, em uma prática conhecida como “rebate”. Em alguns casos, os rebates correspondiam a mais de 20% do valor investido. Depois disso, a consultoria agia para que parte dos valores chegasse a gestores do Rolim Previ.
Além disso, as instituições financeiras envolvidas criaram fundos de investimentos que aportavam valores entre si, como um efeito cascata. Assim, as administradoras e gestoras desses fundos conseguiam multiplicar os ganhos com taxas de administração, gestão e performance (esta quase sempre fraudada), criando uma espécie de dinheiro virtual e aumentando o risco dos investimentos, informou a PF.
Estima-se que o prejuízo causado seja de aproximadamente R$ 17,4 milhões apenas para os cofres do Rolim Previ. Outros 65 institutos de previdência do país investiram em fundos administrados por uma das instituições investigadas na Operação Fundo Fake.
Segundo a PF, calcula-se que R$ 500 milhões de RPPSs foram aportados nestes fundos fraudulentos (“fundos fake”), valor que é objeto de bloqueio judicial determinado pela Justiça Federal. Um dos gestores do Rolim Previ foi afastado. Ele já era alvo de uma investigação anterior da PF, acusado de gestão fraudulenta.
Os investigados serão ouvidos nas sedes da Polícia Federal e responderão por crimes contra o sistema financeiro nacional, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
(Com informações de Luiza Muttoni, Paula Martini e Ricardo Pereira, da CNN, no Rio de Janeiro, Julyanne Jucá, da CNN, em São Paulo, e Rudá Moreira, da CNN, em Brasília)