Flordelis manipulou filha que pretendia entregá-la à polícia, diz investigação
Mensagens mostram que a deputada convenceu a filha Marzy a não denunciá-la pelo assassinato do pastor Anderson do Carmo
A Polícia Civil do Rio de Janeiro descobriu por meio de mensagens trocadas pelo WhatsApp que a deputada federal Flordelis (PSD), que é acusada de ter mandado matar o marido, convenceu a filha Marzy a não denunciá-la pelo assassinato do pastor Anderson do Carmo.
O relatório final do inquérito instaurado para apurar a morte do pastor revela ainda mais indícios de que Flordelis foi a mandante do crime ocorrido em junho de 2019, na porta da residência onde vivia com o marido, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro.
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Em depoimento, Flordelis diz não se lembrar de acontecimentos por estar ‘sedada’
De acordo com a Polícia Civil, foram captadas mensagens do celular de Adriano dos Santos, filho de Flordelis, nas quais a deputada tenta convencer Marzy a não denunciar o crime para a polícia.
O contato de Marzy estava salvo como “Esperança”, no celular da deputada. Os investigadores classificam como “o momento exato em que Marzy foi manipulada emocionalmente, convencida a mudar de opinião, passando a não mais querer entregar Flordelis.” A conclusão foi corroborada pelo depoimento da filha adotiva Luana.
A polícia ainda chega a uma segunda conclusão: a participação de Simone no homicídio. A última mensagem que Flordelis manda para Marzy, diz que “se Simone for para prisão, ela não vai ficar porque não tem nada que a mantenha presa por muito tempo”.
A indagação dos investigadores é a razão pelo qual Flordelis estaria, tão cedo, já especulando uma possível prisão da filha em um momento inicial da investigação. A troca de mensagens ocorreu no em 6 de agosto de 2019, apenas quase dois meses depois do assassinato do pastor.
Depoimento
Em depoimento à polícia, a deputada Flordelis disse não se lembrar muito bem dos acontecimentos após a morte do marido, o pastor Anderson do Carmo.
Ela alegou que estava “sedada”, mas contou em detalhes conversas que teve com os filhos e transações da igreja que administra, o Ministério Flordelis – Cidade do Fogo.
“Eu lembro muito pouco alguns detalhes porque eu fui sedada. Me deram mais remédios porque eu estava muito nervosa com o que tinha acontecido, estava muito agitada, me deram muitos remédios. E daí para frente, velório, sepultamento. Muita coisa desse período não lembro, não me recordo, porque foi um choque para mim”, afirmou.
Em outro trecho da oitiva, a pastora relatou um histórico financeiro do Ministério Flordelis, dizendo que a entrada de dinheiro entre 2017 e 2018 foi de mais de R$ 2,7 milhões, e entre 2018 e 2019, de mais de R$ 2,4 milhões, assinada por Mizael.
Flordelis foi ouvida no dia 21 de maio. O inquérito da Delegacia de Homicídios de Niterói e Região apontou 33 observações ou contradições na fala dela.