‘Feminejo’ é o ritmo brasileiro mais ouvido em 2019
Cantoras sertanejas lideram os rankings das plataformas digitais e contam as barreiras que enfrentaram em um meio ocupado tradicionalmente por homens
Marília Mendonça, Naiara Azevedo, Paula Fernandes, Thaeme e tantas outras cantoras sertanejas fazem parte do movimento chamado “Feminejo”, um jeito de cantar sertanejo com estilo próprio, letras que enaltecem as mulheres e quebram paradigmas no mercado musical.
Em 2019, Marília Mendonça, apelidada no meio artístico de “rainha da sofrência”, ficou em 3º lugar na lista de artistas mais ouvidos no mundo. O ranking é elaborado pela empresa de streaming de áudio Deezer.
Mas este ano, a cantora se superou. No início da pandemia de coronavírus, a live de Marília Mendonça torna-se a mais vista da história em todo o planeta, com mais de 3 milhões de visualizações simultâneas.
Mas, antes de chegar no topo do sucesso, as feminejas enfrentaram desafios em um meio historicamente ocupado por homens. Para Paula Fernandes, uma das pioneiras da nova geração de sertanejas no país, as dificuldades passavam, inclusive, por questões de logística durante os shows.
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“Como tudo funcionava pra homem, na hora que chega uma menina que pedia um banheiro químico dentro do camarim, achavam que tinha alguma coisa diferente. Eu lembro também de algumas passagens, em que os contratantes ficavam assustados, porque a gente pedia linóleo, tipo uma borracha pra colocar no chão do palco, porque eu sempre usei salto fino e aí como eu ia dançar escorregando ali?”, relembra a cantora.
Thaeme, da dupla Thaeme e Thiago, relata que os desafios também envolveram preconceitos em relação à maternidade. “Eu lembro de ter escutado de um empresário que a mulher chega uma hora que ela quer casar quer ter filhos, e ela não quer mais saber da carreira. Eu falei ‘não é possível que estou ouvindo isso. Ele está errado e eu vou provar para ele que ele tá errado’. E eu provo para ele todos os dias que ele tá errado, porque eu tenho família e continuo cantando”, desabafa.
O “feminejo” também se destaca por falar de problemas pessoais, como traição. Quem entende bem disso é Naiara Azevedo, que alcançou fama depois de transformar um episódio difícil de sua vida no hit 50 Reais. “Coisa de um mês depois, a música já estava bombando demais. O sertanejo foi uma grande oportunidade na minha vida, apesar de todas as barreiras”, conta Naiara.
Apresentado por Evaristo Costa, o Séries Originais vai ao ar aos domingos na CNN. Conheça qual é o canal na sua operadora para assistir aos outros episódios.
*Da DOC. Films, especial para a CNN Brasil
