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    BA: Estudantes acusam universidade de monitorar notebooks com aplicativo espião

    Alunos denunciaram que descobriram um programa de monitoramento e não foram informados sobre o caso pela Universidade Federal do Sul da Bahia

    Fabricio Julião e José Brito, da CNN, em São Paulo

    Dois estudantes da Universidade Federal do Sul da Bahia estão acusando a instituição de instalar um aplicativo de monitoramento, em pelo menos, dois notebooks emprestados para ensino à distância. Em vídeo publicado pelo Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Sul da Bahia (DCE-UFSB), na última quarta-feira (21), uma aluna denuncia que descobriram o programa, chamado KidLogger, e eles não foram avisados sobre isso.

    Segundo a aluna conta, eles receberam as máquinas de informática por um edital da universidade e pedem a todos os estudantes que estão de posse de notebooks da universidade que verifiquem se também estão com o aplicativo instalado.

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    “Esse aplicativo de monitoramento, ele gravava e tirava prints, fotos, da câmera, da tela do computador. Façam um boletim de ocorrência na delegacia e façam também uma denúncia no e-mail da ouvidoria para que isso seja averiguado, para a gente descobrir porque isso está acontecendo com os computadores que a universidade emprestou. A gente precisa saber como esses aplicativos chegaram a esses computadores”, disse.

    Em nota, publicada nessa quinta-feira (22), a Universidade Federal do Sul da Bahia disse estar ciente dos relatos e procedendo com análise do caso.

    “A Administração esclarece que respeita a privacidade de seus acadêmicos e que não adota nenhum mecanismo que fira esse direito. Os encaminhamentos imediatos são o recolhimento e análise de algumas das máquinas afetadas para investigar como esse aplicativo foi instalado, e para definir procedimento que garanta a salvaguarda de informações para os estudantes cujas máquinas apresentem esse problema e a desinstalação completa e segura do aplicativo de monitoramento. Para os estudantes cujas máquinas estejam em análise, serão fornecidos notebooks em empréstimo, de modo que possam seguir participando das atividades por intermediação tecnológica. A abertura de uma comissão de sindicância, para investigar e apurar os fatos, deve ser encaminhada pela gestão”.

    Para o cofundador da Ventura Academy, a primeira escola anti-cybercrime do Brasil, Domingo Montanaro, a possibilidade de encontrar programas de software espiões instalados no computador sem autorização, como o KidLogger, é um risco presente em empréstimos, vendas ou locações de dispositivos informáticos como estações de trabalho, smartphones ou tablets.

    “Esse tipo de ataque é conhecido no mundo de segurança da informação como ‘supply chain attack’, onde é explorada a relação de confiança que existe entre as partes. Infelizmente notamos o crescimento desse tipo de ataque nos últimos anos. Isso pode ocorrer em diversas situações, desde cônjuge dando um dispositivo para o outro cônjuge, no afã de monitorar conversas e comportamento online, até fornecedor que presenteia diretores de empresas para prática de espionagem industrial”, diz o especialista.