Documento oficial aponta 5 mortes no estado do Rio por Influenza A
Informação está em publicação da Secretaria Estadual da Saúde e foi reiterada por levantamento do Boletim InfoGripe, da Fiocruz
Pelo menos cinco pessoas já morreram de Influenza A no Rio de Janeiro. A informação está no documento “Vigilância epidemiológica da influenza sazonal no estado do Rio de Janeiro”, da Coordenação de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde (SES), obtido pela CNN.
Ele apresenta o Cenário Epidemiológico da Influenza e retrata o panorama do estado até o dia três de dezembro. Naquele momento, já havia 54 casos confirmados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) provocados pela gripe.
Entre as cinco mortes confirmadas, duas foram provocadas pela gripe H3N2, apontada como responsável pela epidemia que se alastra pela região metropolitana do Rio de Janeiro.
Uma das mortes foi de um paciente que tinha H1N1, mais conhecida como gripe suína. Outras duas mortes, segundo o documento, foram provocadas por linhagens ainda não identificadas nem a data dos óbitos.
A publicação não traz informações sobre os perfis das vítimas, o município onde viviam.
Os números podem ser maiores. Isto porque, segundo a publicação, havia 3.493 mortes provocadas por SRAG sem identificação viral ao longo do ano, além de outras 79 em investigação.
Pesquisador do Programa de Computação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (PROCC/Fiocruz), onde coordena o Boletim InfoGripe, que monitora a circulação de vírus respiratórios por semana epidemiológica, Marcelo Gomes identificou cinco mortes no estado do Rio de Janeiro em novembro provocadas pela Influenza A em novembro.
A confirmação ocorreu a partir de cruzamento com informações do Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (SIVEP-Gripe), plataforma do Ministério da Saúde.
Para o pesquisador da Fiocruz, esse é um resultado natural diante do cenário de evolução de um surto que se tornou epidemia e, atualmente, se espalha para outras partes do país, como as cidades de São Paulo e Salvador.
Ele destaca ainda a existência de uma lógica natural de proporcionalidade entre as internações e os óbitos.
“Embora a Influenza provoque uma proporção pequena de internações, há uma taxa de óbitos de 12% a 15% entre os pacientes internados. Então, conforme o vírus se espalhe, mais gente será internada e acabará morrendo. A partir de novembro tivemos um número maior de casos. Então, mais cedo ou mais tarde, isso gerará aumento de internações, que levará aos óbitos”, explica Gomes.
O epidemiologista Diego Xavier, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz), entende que a disseminação da Influenza A é fruto do afrouxamento das medidas restritivas, que levou ao aumento da circulação nos municípios e ao abandono do uso de máscaras de proteção facial em locais públicos.
“Há também um número elevado de amostras de vírus não identificados, que podem representar um número elevado de Covid-19 ou Influenza A”, afirma Xavier.
O especialista acrescenta: “Sem testar de forma adequada, a gente fica no escuro. Estamos chegando ao fim do ano, quando a circulação se intensifica e as pessoas interagem sem cuidado. A flexibilização das medidas afeta porque as formas de proteção contra a Influenza A são as mesmas usadas contra a Covid-19”, diz.
Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde confirmou o fato e destacou que, desde o início do ano, a H3N2 já provocou cinco mortes no estado. Em 2019 houve apenas uma provocada por esse subtipo.