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    Especialistas: destroços de helicóptero encontrado são ponto de partida para desvendar acidente

    Aeronave foi localizada em Paraibuna na manhã desta sexta-feira (12)

    Duda CambraiaBruno Laforéda CNN

    Especialistas ouvidos pela CNN instantes após a localização do helicóptero, que estava desaparecido em São Paulo desde o dia 31 de dezembro de 2023, afirmam que as condições dos destroços da aeronave são fundamentais para que a investigação consiga elucidar o ocorrido com a aeronave.

    “Começa agora uma investigação muito meticulosa a partir da ação inicial, que é observar os destroços in loco e começar a montar o quebra-cabeças, construir a história e trazer as verdades sobre isso”, disse Maurício Pontes, gestor de crises e investigador de acidentes aeronáuticos da C5i.

    Após analisar a imagem da fuselagem divulgada pela PM, o especialista em segurança de voo Roberto Peterka opinou que “a maior parte dos destroços, a cabine, está no mesmo local. O que indica o que não houve uma destruição em linha reta, como seria o caso de uma colisão”.

    “Na parte de baixo da imagem, você tem árvores cortadas, ou seja, o helicóptero entrou, provavelmente num grande ângulo e acabou se mobilizando mais lá pra dentro, o que pode indicar ou uma colisão, quando ainda estava em voo, ou uma desorientação”, completa Peterka.

    Maurício Pontes pondera que as análises feitas agora são superficiais, a partir de uma imagem tirada rapidamente pelos policiais para divulgar a informação do encontro do helicóptero e trazer conforto a familiares dos tripulantes. Ainda não há informações sobre as pessoas que ocupavam a aeronave.

    “O que a gente pode perceber é que é uma área muito pequena. A gente vê que a aeronave não tá integra. (…) Existe uma degradação de destroços. A gente não vê o casulo do cockpit, onde estariam as pessoas, não dá pra definir claramente o que a gente tá vendo”, diz depois de examinar a foto divulgada inicialmente pela polícia militar de São Paulo.

    Encontro do helicóptero

    O helicóptero que estava desaparecido no litoral de São Paulo desde o dia 31 de dezembro foi localizado nesta sexta-feira (12) em Paraibuna, de acordo com a Polícia Militar. Os quatro ocupantes da aeronave morreram.

    A aeronave foi avistada por agentes que sobrevoavam a região a bordo do helicóptero Águia 24 da PM. O local é de difícil acesso e as equipes continuam os trabalhos por terra.

    Familiares das quatro pessoas que estavam a bordo já estão cientes da localização do helicóptero. Eles realizavam buscas por conta própria desde os primeiros momentos desta sexta.

    Quem estava na aeronave

    • Raphael Torres de Oliveira

    Raphael tem 41 anos e é proprietário da empresa Comexpharma Assessoria, Comércio, Representação, Importação e Exportação de Medicamentos. O empresário é amigo do piloto do helicóptero e convidou as outras duas passageiras para o voo que iria para Ilhabela.

    • Luciana Rodzewics

    Luciana tem 46 anos e é empresária e vendedora. Ela é amiga de Raphael há cerca de 20 anos e foi convidada por ele para voar rumo ao litoral norte na véspera do Réveillon. Ela tem uma loja de roupas femininas chamada Mund Girls. No dia 31 de dezembro, pouco depois da decolagem, ela postou um vídeo em uma rede social da loja mostrando o momento em que o helicóptero com as quatro pessoas a bordo sobrevoava a capital paulista. No vídeo, ela exibe um copo com a mensagem: “vem aí 365 oportunidades”, em alusão ao Ano-Novo.

    • Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto

    Filha de Luciana, Letícia tem 20 anos e é dona de um salão de manicure na zona norte de São Paulo. Antes, ela teve uma loja de peças e acessórios para celular. Letícia é namorada do militar Henrique Thiofilo Stellato, que é da Força Aérea Brasileira. Nos últimos dias, Henrique postou em suas redes sociais vídeos acompanhando as buscas no litoral norte. Na sexta-feira (5), publicou um vídeo dizendo: “Desistir jamais. Meu amor, já já estaremos juntos.” Ele chegou a organizar uma vaquinha para arrecadar fundos para contratar equipes particulares para auxiliar nas buscas pelo helicóptero.

    • Cassiano Tete Teodoro (piloto)

    É o piloto da aeronave. Tem 44 anos e teve a licença e as habilitações cassadas em setembro de 2021 pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por “condutas infracionais graves à segurança da aviação civil”. A Anac diz que ele chegou a recorrer, mas a decisão foi mantida. “Cassiano Tete Teodoro foi cassado em decorrência, entre outros motivos, de evasão de fiscalização, fraudes em planos de voos e práticas envolvendo transporte aéreo clandestino”, acrescenta a Anac.

    Ainda segundo a agência, “em outubro de 2023, após observar prazo máximo legal para a penalidade administrativa de cassação, que é dois anos, o piloto retornou ao sistema de aviação civil ao obter nova licença com habilitação para Piloto Privado de Helicóptero (PPH)”. “Essa licença não dá autorização para realização de voos comerciais de passageiros”, finaliza a Anac.

    A advogada Érica Rodrigues Zandoná, que representa o piloto, diz que “a defesa se resguarda o direito de não comentar até averiguar todos os fatos junto ao seu cliente”.