Escudo humano, tiros e desespero: imagens revelam ação de sequestrador no Rio
Circuito interno do ônibus registrou a ação violenta do criminoso Paulo Sérgio de Lima, de 29 anos, que fez dezesseis passageiros reféns e deixou duas pessoas feridas, uma delas em estado grave
Imagens de circuito interno do ônibus que foi sequestrado na última terça-feira (12), na Rodoviária do Rio, mostram que Paulo Sérgio de Lima, de 29 anos, usou duas passageiras como escudo humano, manteve os reféns sob a mira de uma arma e atirou várias vezes na direção das janelas do coletivo.
Por volta das 14h35, o motorista identifica uma pane mecânica e volta para a plataforma para pedir ajuda a um profissional da empresa. Cerca de vinte minutos depois, o sequestrador fica em pé no corredor, levanta as mãos (esboçando estar se rendendo), chega a simular a entrega da pistola a um passageiro mas, em seguida, começa a atirar para fora do ônibus. Segundo as investigações, foi nessa hora que o criminoso acertou duas pessoas, entre elas Bruno da Costa, de 34 anos, que está internado em estado grave. Na delegacia, o sequestrador disse que achou que a vítima fosse um policial à paisana. Veja o vídeo:
Após os disparos, alguns passageiros que estavam no andar debaixo correm para fora do coletivo, mas duas mulheres ficam encurraladas e são abordadas por Paulo Sérgio. Sob a mira de uma pistola, ambas ficam abraçadas ao criminoso, formando um escudo humano.
Em depoimento à Polícia Civil, as vítimas contaram que foram obrigadas a gritar pedindo que ninguém atirasse contra o sequestrador. O relógio marca 15h, quando o criminoso começa a fechar todas as cortinas do coletivo. Vinte minutos depois, novos disparos são efetuados na direção das janelas. De acordo com o relatório da investigação, o bandido atirou pelo menos 10 vezes, alguns deles na direção dos policiais.
Pouco depois das três e meia da tarde, a câmera externa do ônibus registra a movimentação de homens do Bope. Ao todo, 200 agentes das forças de segurança do RJ participaram da operação para resgatar os reféns e prender o criminoso.
Enquanto os agentes do Bope negociavam com Paulo Sérgio, passageiros do andar de cima estavam amontoados nos fundos do ônibus. Amedrontados, todos ficam à espera de um desfecho positivo, que acontece às 17h50, após mais de três horas de sequestro, quando o criminoso se rende e sai do veículo usando novamente uma passageira como escudo humano.
Por volta das 18h, agentes do Bope consideram o sequestro encerrado e, sem efetuar disparos, resgatam todos os dezesseis reféns em segurança.
Nesta quinta-feira (14), a Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva de Paulo Sérgio de Lima. Na decisão, o juiz Pedro Ivo Martins afimou que é “inegável a necessidade da prisão preventiva como garantia da ordem pública”.
Em sua ficha criminal constam uma condenação por roubo a ônibus no Rio — da qual violou regras do cumprimento da pena com tornozeleira eletrônica — e outra por homicídio em Minas Gerais, onde era considerado foragido desde setembro do ano passado.
Após a prisão, Paulo Sérgio disse estar fugindo para Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, porque brigou com uma facção da Rocinha e estava jurado de morte.
“Planejo ouvir mais alguns policiais que se encontravam na negociação, juntar o laudo pericial, os documentos médicos dos feridos e, também, uma pessoa do administrativo da rodoviária, aí fecharei o inquérito”, afirmou à CNN, o delegado Mário Jorge Ribeiro de Andrade, responsável pelas investigações sobre o sequestro.