Equipe da CNN é hostilizada durante manifestação no Rio de Janeiro
Jornalistas cobriam ato de apoiadores do presidente Bolsonaro quando sofreram agressões; entidades da sociedade civil repudiam ataque
Uma equipe de reportagem da CNN foi alvo de hostilização durante ato realizado no Rio de Janeiro neste domingo (23) em apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
As agressões começam quando a equipe da CNN tentava entrevistar o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Ele voltava para a moto que o levou até o ato com Bolsonaro na região do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro. Em seguida, Pazuello foi cercado por alguns apoiadores.
Neste momento, a equipe da CNN começa a receber ofensas. Uma mulher, mais exaltada e sem máscara, se coloca na frente do repórter Pedro Duran e tenta expulsá-lo do local e grita ofensas.
Uma outra mulher aparece ao lado e empurra o repórter. Nessa hora, os policiais militares que estavam ao lado decidem intervir. Até mesmo um dos apoiadores que estava gravando a cena coloca a mão para tentar evitar o avanço da mulher em direção aos jornalistas.
Imagens divulgadas em redes sociais mostram um homem que coloca uma bandeira para tentar impedir a passagem do repórter. Na câmera frontal, dá para ver claramente quando a bandeira encobre o repórter e é retirada pelos policiais.
Uma outra mulher vem pela lateral e tenta agredir o repórter, mas logo é retirada pelos policiais, mas vai para trás e dá um soco nas costas de Pedro.
Outro homem com dedo em riste engrossa o coro contra a equipe que cobria a manifestação.
Finalmente, repórter e cinegrafista entram na viatura da polícia militar e são levados para outro bairro, longe da manifestação.
A CNN entregou todas as imagens à Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência citando cada uma das agressões e tentativas de agressão aos profissionais que trabalham na cobertura da manifestação. Pelo menos quatro profissionais da equipe sofreram agressões físicas ou verbais na cobertura do passeio de motocicleta e do ato.
O vídeo viralizou na internet depois de ser postado na conta de Douglas Gomes, vereador pelo PTC na cidade de Niterói, que aparece nessas outras imagens gravando um vídeo em cima da moto em movimento. As agressões à CNN foram ridicularizadas por ele.
A reportagem procurou o PTC e aguarda retorno.
Entidades da sociedade civil se manifestaram contra as agressões
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) disse que ‘a obstrução do trabalho da imprensa é antidemocrática e se espera dos poderes Legislativo e Judiciário uma posição firme em defesa dos direitos humanos e da civilidade na convivência entre cidadãos de diferentes opiniões’.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) disse que repudia veementemente as agressões e que elas representam um atentado à democracia porque atingem o direito à informação da sociedade.
O Sindicato de Jornalistas do Rio solicitou às autoridades estaduais as medidas cabíveis para punir os responsáveis pela violência contra o jornalista da CNN.
O Sindicato de Jornalistas do município do Rio e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) cobraram das autoridades do município as providências necessárias para punir os responsáveis pela manifestação.
A ONG Humans Rights Watch se manifestou pelo Twitter condenando os ataques.
A CNN prestou auxílio imediato às equipes que cobriam as manifestações e tomou todas as medidas cabíveis.
Em nota oficial publicada no domingo, a CNN repudiou as agressões. Leia a íntegra da nota:
“A CNN Brasil repudia veementemente qualquer tipo de agressão. Acreditamos na liberdade de imprensa com um dos pilares de uma sociedade democrática. Os jornalistas têm o direito constitucional de exercer sua profissão de forma segura, para noticiarem fatos, dentro dos princípios do apartidarismo e da independência.”