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    Entenda os papéis de Dom Pedro I e da Imperatriz Leopoldina na Independência

    Ao longo dos anos, a esposa do imperador revelou-se uma articuladora hábil e se destacou pela participação de movimentos autonomistas

    Pintura do imperador Dom Pedro 1º ao lado de Maria Leopoldida, sua esposa
    Pintura do imperador Dom Pedro 1º ao lado de Maria Leopoldida, sua esposa Reprodução/Agência Brasil/Arnaud Julien Pallière

    Agência Brasil

    Nesta quarta-feira (7), o Brasil comemora o bicentenário da sua Independência, um episódio importante na história do país que teve como protagonistas dois complexos atores políticos: Dom Pedro I e Maria Leopoldina.

    “O que mais me atrai nessas histórias são esses personagens envolvidos nesse processo da Independência. Poderia ter acontecido tudo ali”, afirma Paulo Rezzutti, escritor de biografias do período colonial.

    Pedro chegou criança à nova terra –tinha 9 anos quando pisou no Brasil. “Depois de 12 anos no país, ele já era mais brasileiro do que português”, aponta a Rezzutti.

    A esposa, Maria Leopoldina, da Áustria, chegou ao Brasil em 1817. Foi só então que conheceu o marido, consequência de um casamento acordado por procuração.

    Ao longo dos anos, Leopoldina revelou-se uma articuladora hábil e se destacou pela participação de movimentos autonomistas, que desejavam que a situação do Brasil permanecesse como estava. Uma personagem determinante para a mudança da rota da história.

    Quando Pedro tinha 22 anos, o seu pai retornou a Portugal e, no ano seguinte, solicitou que o filho, na época regente, o acompanhasse.

    A intenção das Cortes portuguesas era recolonizar o país, que havia sido elevado de colônia para o status de Reino Unido a Portugal e Algarves.

    “A situação se acirra. Se, por um lado, Pedro está preocupado com os acontecimentos em Portugal, Leopoldina estava ligada à manutenção do trono no Brasil. Pedro considerava ficar desde que pudesse nomear os próprios ministros. Isso acontece no dia 9 de janeiro de 1822, o Dia do Fico”, conta o biógrafo, que já escreveu livros sobre Dom Pedro I, Leopoldina, Marquesa de Santos, Dom Pedro II, entre outros.

    A decisão de Dom Pedro I ficar no Brasil caiu como uma bomba em Portugal. “As Cortes revogam tudo o que Dom Pedro faz. Mas o navio com essa comunicação só chega em 28 agosto de 1822”, explica Rezzutti.

    Depois de tanto tempo, as ordens de Lisboa determinavam ainda que Pedro e família deviam voltar para a metrópole imediatamente, e os auxiliares, como José Bonifácio e Clemente Pereira, que participaram do aconselhamento deviam ser demitidos, presos e levados para Lisboa.

    A reação no Brasil desencadeia uma sucessão de acontecimentos com as características da velocidade da época.

    “Até reunir o conselho de ministros, foi 2 de setembro. Os auxiliares levam a Dom Pedro I a ideia de declarar a independência. José Bonifácio manda oficial de chancelaria encontrar Dom Pedro urgentemente. Isso acontece em 7 de Setembro, no Ipiranga, em São Paulo. Até Portugal saber o que estava acontecendo, também demora”, destaca Rezzutti.

    Leopoldina, a articuladora

    Um detalhe ressaltado pelo biógrafo de Maria Leopoldina é que ela tem participação determinante no conselho de ministros em relação à declaração formal da Independência. “Ela era articuladora hábil. Tinha conhecimento de política e funcionou como uma mediadora importante nos bastidores do palácio para encontrar uma solução adequada.”

    Após a independência, a situação continuou efervescente. A professora de história da Universidade de Brasília (UnB) Teresa Marques destaca que a decisão pela independência também não era consensual. “De fato, existem protestos no Nordeste do país que se levantam contra a Corte. Em Pernambuco, em 1817 e em 1824, há manifestações contra a Constituição imposta”.

    Ela explica que a forma de lidar com as províncias era conturbada. “As pessoas comuns não entendiam direito o que estava acontecendo. Nem sempre Dom Pedro se aconselhava com mentes mais moderadas. Quem dera ele ouvisse mais a esposa”.

    As províncias reagiram a ter que obedecer ao Rio de Janeiro e não mais a Portugal. Pelo caminho da diplomacia, a independência só foi reconhecida pela Europa em 1825 mediante o pagamento de duas milhões de libras esterlinas para Portugal.