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    Vai-Vai diz que desfile foi “sem a intenção de promover ataque”

    A escola afirma que o enredo trouxe o álbum dos Racionais MCs e os acontecimentos históricos inseridos no contexto que eles ocorreram

    Instagram/Vaivaioficial

    Pedro Osorioda CNN

    São Paulo

    A escola de samba Vai-Vai, emitiu, nesta sexta-feira, 12, uma nota em resposta às manifestações de repúdio do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) contra o enredo do desfile de 2024. Na ocasião, o Sindpesp afirmou que a ala “Sobrevivendo no Inferno” “demonizou” a polícia.

    Como forma de resposta, a Vai-Vai sinalizou que o desfile tratava de um manifesto e uma crítica ao que se entende por uma cultura na cidade de São Paulo, que exclui diversos movimentos culturais como o hip hop. O gênero musical em questão foi o principal homenageado no enredo, que trouxe referência aos Racionais MCs.

    “A ala retratada no desfile de sábado, à luz da liberdade e ludicidade que o carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais Mcs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação. Vale ressaltar que, neste recorte histórico da década de 90, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica.”, afirma a nota.

    Ainda nesta semana, O deputado federal Capitão Augusto e a deputada estadual Dani Alonso, ambos do PL enviaram ofício ao governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e ao prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), pedindo que a escola de samba Vai-Vai fique sem acesso a verbas públicas no próximo ano por “desrespeitar” policiais.

    Nota – Vai-Vai

    Em 2024, a escola de samba Vai-Vai levou para a avenida o enredo Capitulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop – Um manifesto paulistano.

    Como o próprio nome diz, tratou-se de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop. O desfile homenageou artistas excluídos, que nunca tiveram seu talento e notadamente reconhecido.

    Neste contexto, foram feitos, ao longo do desfile, uma série de recortes históricos, como a semana de arte de 1922 e o lançamento do álbum “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MCs, em 1997.

    “Sobrevivendo no Inferno” é considerado o álbum mais importante do rap brasileiro. Em 2007, figurou na 14ª posição da lista dos 100 melhores discos da música brasileira pela Rolling Stone Brasil. Em 2018, na lista de obras de leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp.

    Racismo, miséria e desigualdade social — temas cutucados nos discos anteriores — foram expostos como uma grande ferida aberta, vide ‘Diário de um Detento’, inspirada na grande chacina do Carandiru”.

    Ou seja, a ala retratada no desfile de sábado, à luz da liberdade e ludicidade que o carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais Mcs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação.

    Vale ressaltar que, neste recorte histórico da década de 90, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica.

    Além disso, é de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundos, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado pra época.

    O que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile.

    Existimos. Resistimos. E seguimos fazendo carnaval!