Em escola de idiomas em São Paulo, professores são refugiados
Além de darem aulas para brasileiros, eles também recebem de uma ONG toda a assistência que precisam para enfrentar o coronavírus
Em tempos de pandemia, é difícil se acostumar com o chamado ‘novo normal’. Mais difícil, ainda, para quem veio para o Brasil buscar uma nova vida. Sem muitos conhecidos alguns refugiados estão sentido falta da rotina normal, do contato com pessoas, dos sorrisos.
Há dois meses a ONG Abraço Cultural, de São Paulo, fechou as portas por conta da pandemia. Na casa que fica, na zona oeste da capital paulista, funciona uma escola de idiomas. O diferencial é que todos os dezoito professores são refugiados. Além de darem aulas para brasileiros, eles também recebem da ONG toda a assistência que precisam por aqui. Afinal, muitos deles chegaram ao país com apenas uma mala de roupas.
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“Muitos deles estão aqui sozinhos. Então eles tinham os alunos como uma rede de apoio e estar de casa, só com contato remoto, é bem estranho. Também estar separado dos outros professores é difícil. Porque aqui a gente se sente como uma família”, diz Mari Garbelini, diretora da ONG.
Para que os professores não ficassem sem dar aulas, a alternativa encontrada foi, usar a internet como ponte entre alunos e professores. As aulas presencias migraram para as virtuais. O desafio foi grande, tiveram que adaptar a nova realidade em pouco tempo. Em duas semanas a plataforma virtual ficou pronta. A alternativa de aulas online tem funcionado bem, a adesão dos alunos aumentou e a escola já planeja manter o novo formato assim que a pandemia terminar.
Muna Darweesh – o doce sabor do refúgio
Para quem vive em uma guerra civil, encontrar uma luz no fim do túnel parece algo impossível. Mas, não para a Muna Darweesh. Nascida na Síria, teve de fugir para o Brasil para salvar a própria vida, a do marido e dos quatro filhos. Chegou no país em 2013. O começo foi difícil, vendia doces na porta de uma mesquita no centro de São Paulo. Mas o talento para culinária deu a ela uma chance de mudar de vida. Atualmente, possui uma fanpage com milhares de seguidores. Nela, Muna posta as receitas e um pouco dos trabalhos que faz. É graças a comida típica da Síria que ela sustenta a casa. Para ela o Brasil vai além de um lugar que a acolheu. É um país que tem um espaço enorme em seu coração. Voltar para a Síria está nos planos, mas se sente muito feliz por aqui. Quem sabe no futuro.
Refugiados no Brasil
Quarenta e três mil pessoas vivem no Brasil sob a condição de refugiados, segundo o Ministério da Justiça. Cento e setenta e sete mil pedidos de reconhecimento da condição de refugiado também estão na lista de espera. A maioria desses pedidos são de Venezuelanos.