Em documento, Saúde do RJ admite ‘possível segunda onda’ de Covid-19 no estado
Os relatos estão em despachos internos da Fundação Saúde
Documentos da Secretaria de Saúde do Rio obtidos pela CNN mostram que o estado do Rio de Janeiro já trabalha com o cenário de uma “segunda onda” de contaminação pelo novo coronavírus. Os relatos estão em despachos internos da Fundação Saúde, entidade que faz a gestão das unidades de saúde fluminense, que apontam para necessidade de compra de 600 mil kits para realização de testes para detecção da Covid-19.
O documento é do dia 25 de setembro. Ao justificar a necessidade de compra de reagentes para testes de coronavírus, a Fundação Saúde argumenta que há “possibilidade de uma segunda onda de infecção”. O motivo alegado é a “flexibilização da quarentena nos diversos municípios do Estado, o que consequentemente ocasionará em um aumento da testagem na população, mesmo sem sintomas”.
Os reagentes permitirão a realização de um número seis vezes maior de testes do que o feito desde o começo da pandemia. Entre março e setembro de 2020, o Laboratório Central do Rio realizou 101.305 testes. O estoque de 600 mil reagentes é para durar um ano, de acordo com o documento.
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A Fiocruz detectou, nesta semana, que a cidade do Rio está em uma situação “crítica” no que diz respeito à ocupação de leitos de UTI. O percentual de leitos de terapia intensiva ocupados na rede SUS – estadual, municipal e federal – da capital estava em 79% nesta terça-feira (30). Há dez dias, o percentual chegou a 86%.
À CNN, a pesquisadora Margareth Portella, da Fiocruz, afirmou que o estado está em uma “zona preocupante”. “De qualquer forma, estamos em uma zona preocupante onde já se faz necessário que o poder público pense no seu plano de contingência e no que vai fazer em caso de um aumento súbito. Temos tido notícias, de uma forma mais empírica, de que pessoas que trabalham na área da saúde sentiram este aumento”, afirmou.
O estado do Rio tem hoje 18.388 mortes e 263.699 casos confirmados de coronavírus no Brasil. Uma análise semanal do mês de setembro mostra, por exemplo, o número de casos da primeira semana saiu de 6.252 novos casos para quase o dobro na semana passada: 11.653 novos registros.
Em todo estado o número de mortes também cresceu. Na primeira semana o estado registrou 376 novas mortes, e o número foi subindo: 410 na segunda, 724 na terceira e 661 óbitos na semana passada.
Outro lado
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que de acordo com o Boletim de Monitoramento dos Indicadores do Painel de COVID-19 Nº 04/2020, publicado nesta semana, a análise com informações até a Semana Epidemiológica 36 (30/08 a 05/09) mostra que os dados atuais de casos e internações no estado não configuram uma segunda onda.
Segundo a pasta, entre as nove regiões em que o estado é dividido, oito estão classificadas com bandeira amarela, que indica baixo risco para a doença: Metropolitanas I e II, Baía da Ilha Grande, Médio-Paraíba, Centro-Sul, Baixada Litorânea, Noroeste e Serrana. Cerca de 94% da população fluminense encontram-se nestas regiões.